terça-feira, 17 de abril de 2012

A Base Aérea N.º 6 e o Património Cultural de Montijo


Edifício do Comando da Base Aérea N.º 6  
Em 1953, foi inaugurada a Base Aérea N.º 6, no lugar de Montijo, parte integrante do actual Município de Montijo.

O local onde se localiza aquela unidade militar encontra-se já referido no “Título da villa d Aldea galega”, registo estatístico da vila, mandado elaborar, em 1532, por D. João III. No documento pode ler-se: «Termo – Item tem hua povoaçam que se chama a Povoa hua legoa da villa a ponente que tem homze moradores (…).»

Estas terras terão pertencido, provavelmente, ao então Duque de Beja, futuro Rei de Portugal, D. Manuel, e a D. Jorge, filho bastardo de D. João II, que foi Mestre da Ordem de Santiago.

Marco de pedra, achado nos terrenos da Base, com esfera armilar e, no lado oposto, o escudo nacional quatrocentista, que está trancado. A legenda que está por debaixo da esfera armilar, poderá ser lida assim: «Diogo Ramos fez/ AD ML 21», isto é, Diogo Ramos teria sido o canteiro que fez este marco. Na base, um escudo português que encimava o portão de acesso à área da capela que existiu nas proximidades da Quinta da Póvoa.
É um local de História e, consequentemente, de testemunhos do passado de Montijo.

As gerações mais recentes ainda se lembram da Quinta da Póvoa, da Casa Branca e, noutra perspectiva, da Praia Branca, que os nossos avoengos recordam como local de saudáveis e animados pic-nics.

Silharia brasonada que remata um dos portões da Quinta da Póvoa
A Base Aérea usufrui de alguns bens que, salvo melhor opinião, pertencem ao Património Histórico-Cultural de Montijo, v.g., um marco de pedra, um escudo, painéis de azulejos, que estão à entrada do edifício do comando.

Anverso do marco
É um património que deverá ser usufruído pelos montijenses, mormente, pelos estudantes para que melhor se conheça a História concelhia.

Reverso do marco
Ao logo dos anos de permanência da Base Aérea N.º 6 em Montijo têm sido desenvolvidas relações institucionais de extrema cordialidade e cooperação entre aquela entidade e o município, que permitirão a análise serena de um eventual pedido que venha a ser formulado por este.

É certo que Montijo, apesar da propaganda, não tem um museu em que possa preservar e expor as peças referidas.

Painel de azulejos jacente no edifício do Comando
Contudo, a sua recuperação poderá originar a instituição efectiva de um museu que não só guarde estas peças como outras que ainda restarão.

Nem se pode alegar que o tempo é de vacas magras e que não há dinheiro.

A crise está a transformar-se em mágico manto que tudo explica e que permite “tirar coelhos da cartola” em função da ocasião.

Os tempos de crise pedem racionalização dos investimentos, contenção das despesas, cumprimento de princípios, imaginação e dinamismo para vencer as adversidades e, também, uma ampla e transparente abertura envolvendo todos na defesa e desenvolvimento de Montijo.

A defesa do nosso Património Histórico-Cultural não pode estar dependente da crise ou de qualquer Troika – tem de ser uma lídima manifestação de amor à terra e às Gentes que nos legaram este Montijo que tão mal (amamos) tratamos.
Temos o usufruto desta bela terra e é nosso dever legá-la mais próspera às novas gerações.
Uma terra sem Memória(s) é uma local vazio, sem personalidade, porque “o Património Histórico-Cultural é a Memória de um Povo”, como bem proclamou, há mais de trinta anos, o Círculo Histórico-Cultural de Montijo.
Ruky Luky

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