terça-feira, 21 de agosto de 2012

Íamos os 4

  Íamos os quatro despreocupados pela alameda, num dia soalheiro de fim de tarde, quando o sol já acetinadamente manso ainda aquece, mas já não queima: Helena, a infanta, a empurrar um carrinho; Francisco, o moço; Rita, a mãe, e eu, o avô.
Caminhávamos esquecidos do tempo e saboreávamos apetitosos gelados entre muitos dedos de conversa e de franco convívio.
Helena, a infanta começou a correr.
Francisco, o moço, cuidadoso tio, partiu atrás da menina.
Rita, a mãe, continuou a conversar comigo.
Assim passámos a ir os quatro:
Helena começou a correr.
Francisco apressou o passo.
Rita partiu preocupada.
Eu fiquei sozinho.
Mais adiante,
Francisco encontrou a Helena e a Rita apanhou os dois.
Seguiram os três, que a vida é assim mesmo.
Olhavam para trás, sorriam-me e acenavam e brincavam.
Avançavam cada vez mais e eu cansado ia ficando.
Olhavam para trás, sorriam-me e acenavam.
Olhavam para trás e eu já não via se eles se riam, mas acenavam-me.
Acenaram-me, mas eu já não estava.
Ruky Luky



2 comentários:

  1. Lindo! De uma humanidade sentida, envolvida na continuidade e no amor. Há momentos assim. Infelizmente não são tantos como deviam e às vezes não sabemos saboreá-los.

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  2. Então, Rui?
    Consigo imaginar o Francisco, o tio!!!!

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