Coreto amovível construído em 1903 para as Festas do Divino Espírito Santo. Obra do mestre-carpinteiro José Rodrigues Pancão. |
Foi no século XIX, que o coreto, que começou por ser um simples estrado coberto de folhagem, se transformou num dos principais elementos do mobiliário urbano das povoações, tornando-se símbolo de uma cultura urbana que se começava a definir.
A Sociedade Filarmónica 1.º de Dezembro começou por armar o seu coreto, no centro da Praça (da República), na Páscoa e a desmontá-lo em Outubro, animando as festas do calendário litúrgico e os serões populares.
Em 1873, o coreto, embora amovível, assentava já sobre uma base de pedra, como se adquire do pagamento que aquela associação realizou com a «despesa de armar o coreto e mudança de pedras do dito 18$000».
Aquele tipo de coreto manter-se-á até 1895, momento em que a Câmara Municipal de Aldegalega insistiu com a Sociedade Filarmónicas para que construísse um novo coreto, «atendendo ao estado pouco decente» que patenteava o que estava erguido na praça.
Quatro anos depois, com o apoio do seu próprio cofre, de uma subscrição pública e da autarquia, a associação inaugurou o seu novo coreto.
Em 1914, o coreto foi sujeito a obras de restauro e, em 1917, a Câmara Municipal de Aldegalega municipalizou o coreto.
Coreto da Sociedade Filarmónica 1.º de Dezembro construído em 1899. Festas do Divino Espírito Santo 1903. |
Em 1925, a Sociedade filarmónica 1.º de Dezembro viu deferida a autorização para construir um coreto no «centro da praça (da República)», e no dia 1 de Agosto daquele ano, a Comissão Pró-Coreto procedeu ao lançamento da 1.ª pedra. Um ano mais tarde, no dia 8 de Agosto, procedeu-se à inauguração do coreto com um vasto programa cultural, que se estendeu por oito dias.
Coreto da Sociedade Filarmónica 1.º de Dezembro.São visíveis o gradamento exterior e a inscrição S.F.1.º D. |
O coreto, que ainda hoje pode ser admirado na Praça da República, é caracterizado pela forma octogonal do embasamento de pedra, com uma guarda de balaústres de marmorite, e pela cobertura metálica em forma de cúpula assente numa estrutura de pilares de ferro. No forro interior foi colocado o brasão da Sociedade e no pavimento gravado seu nome e a data da inauguração.
A introdução de uma cúpula sobre a cobertura metálica ficou a dever-se ao mestre-serralheiro Virgílio Martins Costa que, julgando o projecto inicial muito modesto, resolveu enriquecê-lo com um adorno semelhante às cúpulas da Praça de Touros do Campo Pequeno de Lisboa, pintando a cobertura e a cúpula de vermelho, respeitando as cores da praça de touros de Lisboa.
O coreto foi municipalizado em 1950. Os balaústres são de cimento e o gradeamento que protegia o coreto foi retirado em 1943. Foto de 1994. |
Em 1943, devido às obras de remodelação da Praça da República foi retirado o gradeamento exterior que protegia o coreto.
Em 1982, o coreto foi beneficiado com a recuperação da cobertura, pela substituição dos balaústres de marmorite por outros de cimento, obra executada por José Luís da Costa Horta (Maxinó).15 anos mais tarde, sofreu novas obras de beneficiação. A cúpula foi pintada de verde, o pavimento foi substituído e foi instalado um moderno sistema de iluminação. As obras foram realizadas por Cipriano Moreira da Costa.
Registe-se, como mera curiosidade, que José Luís da Costa Horta e Cipriano Moreira da Costa são descendentes em linha recta de Virgílio Martins Costa, o construtor do coreto.
O coreto municipal com o aspecto que lhe foi conferido pelas obras realizadas em 2001. |
O coreto é, desde a década de cinquenta, propriedade municipal.
(Cont.)
Ruky Luky
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