sábado, 13 de dezembro de 2014

O TESOURO ROUBADO A MONTIJO


SANTA ANA, A VIRGEM E O MENINO



A Freguesia de Sarilhos Grandes, do concelho de Montijo, antiga póvoa ribeirinha, já referenciada em 1304, oferece-nos, hoje, a sua Igreja Matriz, cujo orago é S. Jorge, e adossada à mesma uma pequena ermida quinhentista, de estilo ogival e abobada, a Ermida de Nossa Senhora da Piedade.

A Igreja de S. Jorge é uma reconstrução do tempo de D. João V, concluída em Maio de 1740, e com importantes campanhas de obras nos séculos XIX e XX.

A Igreja, a que um dia volveremos, é um edifício de cunho barroco, cujas paredes interiores estão cobertas de azulejos.

Quem visitou a Igreja, na década de setenta do século XX, encontrou certamente: «um altar seiscentista muito deteriorado e algumas antigas imagens: S. Francisco de Assis, de madeira, do século XVII, e um grupo composto por Santa Ana, a Virgem e o Menino, escultura de pedra, talvez do século XV, com restos de policromia primitiva.»

As Igrejas de Montijo, de Canha a Sarilhos Grandes, embora guardassem tesouros incalculáveis, não mereciam, na altura, a melhor atenção quer por parte do clero quer por parte das entidades civis, exceptuando-se a Igreja do Divino Espírito Santo, reaberta pelo P.António Gomes Pólvora e conservada depois nas boas mãos do Padre Manuel Gonçalves.

No início da década de oitenta do século vinte, as igrejas de Sarilhos Grandes, S. Jorge, e de Montijo, S. Sebastião, foram assim alvo fácil dos ladrões de obras de arte, furtando delas as peças de maior valor, que nunca foram recuperadas, apesar de ter sido apresentada a devida queixa junto das entidades competentes.

Da Igreja de S. Sebastião foi roubada a antiga imagem do santo padroeiro e da Igreja de S. Jorge o grupo composto por Santa Ana, a Virgem e o Menino. Não podemos afiançar se terá sido furtada também a imagem de S. Francisco de Assis.

Dos objectos roubados só se conhece o registo da imagem do grupo composto por Santa Ana, a Virgem e o Menino, que, com a devida vénia, se reproduz.

Depois dos assaltos às igrejas, a Câmara Municipal de Montijo, liderada pelo senhor Acácio Dores, tomou as primeiras medidas de defesa do património histórico-cultural de Montijo.

Por outro lado, a então recente associação criada no âmbito da comemoração do 50.º aniversário da mudança de nome de Aldeia Galega do Ribatejo para Montijo, que se denominou, abreviadamente, Círculo Histórico Cultural, teve um papel primordial na sensibilização da população e de todos agentes concelhios para a defesa e preservação do património, porque «O Património Histórico-Cultural É A Memória De Um Povo».

P.S. Utilizámos como sinónimos os verbos roubar e furtar sem a preocupação da precisão jurídica dos termos.

Ruki Luki



























Um comentário:

  1. Se calhar por defender o património histórico, ou porque as pessoas que o dirigiam não bem ao jeito dos autarcas, o Círculo de Estudo e Defesa do Património Histórico-Cultural do Concelho de Montijo, foi ostracizado, ao ponto de lhe terem retirado a sede, que lhe havia sido cedida, conforme decisão de Câmara, presidida pelo sr. Acácio Dores.Julgo que essa decisão nunca foi, até hoje revogada, pelo o que a Câmara está em falta para com essa agremiação, que tem estatutos, nº de contribuinte e ainda não foi decidida a sua extinção, conforme os estatutos prevêem para a sua dissolução. Já, por mais de uma vez, tentei junto da Câmara reactivar o Círculo, mas não fui bem sucedido e cansa apanhar "tampas".

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