quarta-feira, 25 de julho de 2012

A Primeira Igreja de Montijo

A Ermida de São Sebastião


Igreja de S. Sebastião, construção do século XIV com posteriores reconstruções.
É já um lugar-comum dizer-se que é preciso conhecer para amar e que é necessário amar para conservar.

Exceptuando a Igreja Matriz do Divino Espírito Santo, o usufruto do restante do património histórico-religioso da freguesia de Montijo está vedado à população.

Se é certo que a Igreja do Senhor Jesus da Misericórdia é propriedade privada, não menos certa é que todo o restante património é propriedade do Município de Montijo, que o não faculta ao uso regular dos munícipes.

O que nos revela a história da Igreja de S. Sebastião, tradicionalmente referida como a mais antiga da cidade e que foi sede de paróquia até à construção da Igreja do Divino Espírito Santo?
A Igreja de S. Sebastião, que é, desde a sua edificação, património do município, foi construída numa zona habitada preferencialmente por agricultores e fazendeiros, núcleo primevo de Aldeia Galega do Ribatejo, que, depois, começou a correr para junto do rio.

Nada se sabe da primitiva construção, que datará do séc. XIV.
No século XVI, a igreja sofreu várias obras de remodelação, cujo único testemunho, que chegou até aos nossos dias, é o arco triunfal, formado por colunas torsas ornamentadas com florões e cordames.
No Século XVIII, a igreja encontrava-se em ruínas.
A leitura de uma Provisão de El-rei D. José, datada de Fevereiro de 1754, dá-nos a conhecer que a «a Câmara é padroeira de uma Igreja de S. Sebastião», que «está de tal sorte danificada que por indecência do lugar [Câmara] se livrara do Santo e mais imagens para a Igreja Matriz». Mais nos diz a Provisão que as imagens ali se encontravam «há bastantes anos».
Para proceder às obras de restauro da Igreja, o «Presidente, vereadores e mais oficiais da Câmara, Nobreza e Povo de Villa de Aldegalega do Ribatejo» solicitaram ao rei que permitisse que os tributos que eram aplicados na realização da corrida anual de touros fossem investidos, durante seis anos, nas obras da igreja, porque «a câmara não tinha rendas suficientes.»
Por Indulto de D. Manuel I, a câmara municipal tinha de realizar uma corrida de touros para «divertimento do povo», na qual despendia, então, 76 mil reis com o pagamento do «curro de touros, das tronqueiras e dos tímbales».
Seis anos após a provisão real, a câmara solicitou ao rei que «fizesse mercê de prolongar a dita provisão por mais oito anos ou pelo tempo que fosse necessário para findar a obra(…).»
O rei deferiu o pedido, mas concedeu, apenas, mais seis anos.    

Em 1841, a autarquia decidiu construir o cemitério no terreno anexo à Ermida de S. Sebastião, «não só em razão da proximidade da vila e extramuros da mesma, mais ainda por ficar junto à dita Ermida, objecto muito preciso num cemitério.» A obra fuicou concluída em 1984.
Concluídas as obras, o Santo e mais imagens voltaram à Igreja e, anualmente, retomando-se a celebração, anualmente, da Festa de S. Sebastião com o patrocínio da câmara municipal.
No século XIX, o livro da Descrição Geral dos Bens Próprios do Município de Aldegalega do Ribatejo descreve-a assim:
«Ermida de S. Sebastião – e casas anexas, com seu quintal, contígua ao cemitério público, com sua sacristia, uma pequena casa de entrada e dois quartos onde outrora era a roda dos Expostos.»
A igreja é de recorte seiscentista, a fachada é de alvenaria, com portal de verga simples, telhado de duas águas com pequena cruz ao meio, óculo quadrilobado superior e duas janelas laterais gradeadas
A Ermida de S. Sebastião, popularmente conhecida como a Capela do Cemitério, serviu como capela mortuária, depois do encerramento da Igreja do Senhor Jesus da Misericórdia e da Ermida de Santo António, e antes da construção das novas capelas do cemitério.
Em 1981, foi assaltada e furtada de todo o seu património, no qual se incluía a histórica imagem de S. Sebastião. Hoje, encontra-se encerrada.

 Ruky Luky


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