sábado, 29 de junho de 2013

Padaria Taboense

«Não há melhor em Lisboa»


A «Padaria Taboense», situada na Rua Miguel Pais, a dois passos da Praça da República, foi inaugurada no dia 29 de Maio de 1909. Segundo notícia da época, era «uma luxuosa padaria que, diga-se em abono da verdade, não há melhor em Lisboa.»
 

O interior do edifício, construído para aquele fim, é revestido de admiráveis azulejos. 

A «Padaria Taboense» representava, em 1909, o que de mais moderno se poderia exigir aos estabelecimentos do género, pois tinha «cozinha com um magnífico fogão, quartos, «retraite», bacia para lavagens e outras comodidades para os empregados o que infelizmente não se usa em toda a parte.»

A padaria acabou por encerrar, cerca da década de oitenta. Já no século XXI,  Paulo Rainho Balsinha, padeiro, adquiriu-a. Manteve o primitivo forno a lenha, dotou-a de novas comodidades e, em 12 de Maio de 2005, a «Padaria Taboense» reabriu as suas portas, com uma variada oferta de tipos de pão e de padaria.

Anúncio publicado por altura da inauguração. A padaria, entre outros produtos, oferecia «Flautas, carcaças, bolachas, biscoitos, artigos de pastelaria, cervejaria e vinhos finos.»
Deve-se terminar este apontamento do mesmo modo que findava a notícia da sua inauguração: «Aos proprietários da Padaria Taboense apetecemos todas as prosperidades do que são muito dignos.»


Ruki Luki









O Moinho das Nascentes

dito da Mundet


O moinho de água das Nascentes, também conhecido pelo moinho da Mundet, nome de um dos últimos proprietário, a empresa com o mesmo nome, é um dos mais antigos de Montijo. Tão antigo que, em meados do século XVI já se tinha perdido o rasto à data da sua construção.


O Moinho está situado no Corte da Abretónica, topónimo caído em desuso, e era constituído por cavalariça e terrenos anexos, caldeira e celeiro.

Abandonado pelos homens, foi abraçado pela natureza.

Segundo Mário Balseiro Dias «Durante a Segunda Guerra Mundial, o engenho laborou intensamente, uma vez que faltava gasóleo às moagens mecânicas para funcionarem.»

O assoreamento do rio e o alheamento a que está lançado vaticinam o fim próximo do moinho. Prometeu-se um passeio ribeirinho, que passaria junto ao engenho e, presume-se, levaria à sua recuperação, mas são contas de um outro rosário.



Ruky Luky


quarta-feira, 26 de junho de 2013

Moquitos?


Só na Sibéria!


A Sibéria foi a primeira e única leitaria de Montijo, localizada a dois passos da Praça da República e vizinha do Mercado Municipal. 


A Sibéria é, também, um dos estabelecimentos mais antigos de Montijo e o mais estreito - a sua fachada terá cerca dois metros de largura.
 
 


Há cerca de setenta anos, César Silva, impressionado com o que vira pela Europa por onde andara emigrado, resolveu abrir a primeira leitaria de Montijo, local onde os produtores de leite passaram a entregar o leite, que, depois, era vendido por César Silva e pelo filho, à medida, de porta em porta.
Com os conhecimentos que adquirira no estrangeiro, César Silva passou a fabricar gelados, constituindo a primeira geladaria de Montijo, usando como matéria prima leite puro e a fruta da época. Não havia nem corantes nem conservantes. Era um gelado caseiro, 100% natural. Os clientes podiam optar pelos moquitos - gelado tipo rajá - ou pelo convencional gelado em copo.
 
 
 
António Silva, foi o braço direito do pai.
Em 1955, ano em que se iniciou o funcionamento do Posto de Leite municipal, criado para zelar pela qualidade do leite, os produtores passaram a entregá-lo naquele estabelecimento.








Apesar do transtorno causado pela abertura do posto de leite, a Sibéria resistiu continuando oferecer os seus serviços de gelataria e de café. 
Lúcia Silva, (ao fundo) viúva de António Silva, actual proprietária da leitaria, oferecia um delicioso e inigualável bolo de milho, com o formato do bolo de arroz,  e no estabelecimento encontrava-se também a famosa rocha, um bolo com frutas cristalizadas, que tinha o tamanho de uma roda de tractor, permita-se o exagero. Comer uma rocha era ficar alimentado para o dia.
 
 
Quando a cidade começa a despertar, já a D.ª Lúcia, mais a sua simpatia, tem a porta da Sibéria aberta, que a faina no Mercado Municipal é madrugadora e quem ali trabalha é cliente da leitaria.
Ouvirá, por vezes, talvez, a algazarra que lá não está, de um tempo em que os fazendeiros entregavam as suas vasilhas de leite à porta do estabelecimento, que, por ser tão exíguo, não as podia guardar nem tão pouco receber quem ali as  ia entregar.
Qual o tamanho de um estabelecimento?
 
 
 
Ruky Luky

domingo, 23 de junho de 2013

Arte Urbana em Montijo

Os Grafitis da Marginal Sul

Há dois anos, Odin, writer montijense, e os seus colegas viram no muro de uma empresa localizada na marginal sul, uma oportunidade para exercitarem os seus dotes artísticos e para conviverem com alguns colegas, que vivem em outras localidades do País. Obtida a autorização do dono do estabelecimento e aceite o convite pelos amigos, deixaram a sua marca numa das artérias de Montijo, que aqui se regista.
 
 
 
 







 






Deve ler-se: Quantos Lambeste para Chegar Onde Tás?







 




 
 
 
 
 
 
 
 





 
 
 
 





 
 
 
 




 
 
 
 










Publicação extra - Grafite da R. Manuel Giraldes da Silva.


Ruky Luky

sexta-feira, 21 de junho de 2013

O Asilo

Silêncio, que isto dói!

 
 
José Joaquim Marques Contramestre (1839 – 1904) não se conformando com a falta de agasalho que tinham os velhos de Aldegalega decidiu construir, no final do século XIX/início do século XX, a expensas próprias, um asilo, para dar guarida aos mais desvalidos da sorte.
Ali passaram a residir os velhinhos de Aldegalega/Montijo, até ao momento em que o Lar se estabeleceu no Pátio de Água.
Posteriormente, o edifício do Asilo albergou a Cercima, ficando ao seu próprio cuidado, depois que esta instituição passou a usufruir das suas próprias instalações.
O edifício é propriedade da Santa Casa da Misericórdia de Montijo.
 A Câmara de Aldegalega grata pelo gesto do seu ilustre filho passou a denominar a Estrada Nova de José Joaquim Marques (Contramestre).
Hoje, o edifício encontra-se no estado em que as fotografias ilustram, e põe em risco a segurança e a saúde pública. Aguarda-se a intervenção urgente da Provedoria da Santa Casa da Misericórdia e da Câmara Municipal de Montijo.
É uma inqualificável falta de respeito pela memória de José Joaquim Marques Contramestre ter-se permitido que o imóvel alcançasse tal estado de degradação.
As instalações, se tivessem sido cuidadas, serviriam para acolher outros serviços.
Até parece que a negligência que rodeia o edifício visa a sua degradação perspectivando-se a riqueza futura do terreno.
Nós, montijenses, devemo-nos sentir envergonhados por não sabermos cuidar da(s) herança(s) que os nossos antepassados nos deixaram.
Estamos todos de passagem e, enquanto comunidade, temos o dever de cuidar do nosso património para o legarmos mais enriquecido aos nossos vindouros – os nossos filhos, os filhos dos nossos filhos.
Montijo orgulha-se de Aldegalega. Orgulhar-se-á Montijo de Montijo?  

 As imagens, que se seguem, podem chocar os munícipes mais sensíveis.
 

 
 

 
 

 

 
 

 


 






















 
 
 



O Montijo está a comportar-se com a dignidade e a elevação que merece o gesto do instituidor do Asilo? Responda, caro/a leitor/a. E actue.


Ruky Luky