sábado, 14 de julho de 2012

Pista para bicicletas “sobre carris”, em Montijo?

A Estação da CP em Montijo
[A Estação da minha Vergonha]

Largo da Estação, 13 de Julho de 2012.
Em silêncio fotografei a Estação da CP (REFER), em Montijo, no passado dia 13 de Julho de 2012.

A área está abandonada. Depois do almoço não há, ali, qualquer movimento. Um velho homem, que vive por perto, disse-me: «Dá vontade de chorar, sobretudo, eu que vi o movimento desta estação e deste cais….». Seguiu o seu caminho e eu ali fiquei, conversando com a minha máquina.

O que nos revelam as fotografias? Incúria? Irresponsabilidade? Desleixo? Classifique o leitor.

Por que se desperdiçam instalações que poderiam (poderão) servir para satisfazer mil e uma necessidades sociais? O público delas não necessita? Venda-as ao privado. Mas estime-se e salvaguarde-se o nosso património.

Em 14 de Janeiro de 2000, já lá vão doze anos e seis meses, a Câmara Municipal de Montijo e a Rede Ferroviária Nacional (REFER) assinaram um protocolo visando a utilização do edifício.
Como se chegou a esta situação? A Câmara Municipal de Montijo e a REFER que responda(m). Volvamos, contudo, ao ano de 2000.

Em 14 de Janeiro de 2000, já lá vão doze anos e seis meses, a Câmara Municipal de Montijo e a Rede Ferroviária Nacional (REFER) assinaram um protocolo, mediante o qual a REFER autorizava a Câmara Municipal de Montijo a utilizar, a título precário e por sua conta e risco, o terreno de domínio ferroviário (ramal ferroviário desactivado em meados da década de oitenta), localizado entre o apeadeiro da Jardia e a estação de Montijo. Por sua vez, a autarquia comprometeu-se em construir uma pista para bicicletas e um passeio pedonal, ao longo de todo o percurso, a implementar uma zona arborizada entre o ramal e a estrada nacional, ao mesmo tempo que criaria arranjos paisagísticos junto aos apeadeiros da Jardia, Sarilhos e Estação de Montijo. A Câmara Municipal comprometeu-se também em recuperar os edifícios dos respectivos apeadeiros e da estação, mantendo a sua traça arquitectónica.

Estação da CP de Montijo. Aspecto das casas de banho.
Segundo notícia da época «a execução deste plano de recuperação e utilização do espaço da antiga linha de caminho-de-ferro, por parte da autarquia, realça uma estratégia completamente oposta aquela que era defendida pelo anterior executivo camarário [CDU], e que pretendia para aquela zona a construção de uma estrada de acesso ao centro da cidade de Montijo.»

Aspecto da gare.

A Câmara Municipal comprometeu-se também em recuperar os edifícios dos respectivos apeadeiros e da estação, mantendo a sua traça arquitectónica.


Assinado o protocolo, a Câmara Municpal de Montijo retirou os carris e... desistiu. Porquê?

Pelos carris, que já cá não estão, durante cerca de oitenta anos, passaram comboios, mas nunca passaram ciclistas ou peões em agradáveis passeisos. Quem responde?
Ruky Luky

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