terça-feira, 17 de julho de 2012

Bairros Populares de Montijo

I – O Bairro Serrano
O Bairro abre-se num pequeno largo para receber quem o alcança  a partir da Estação da CP,
 Qual a génese do Bairro Serrano?
Torna-se, hoje, definir os contornos históricos do Bairro Serrano. Na sua génese, começou por ocupar a quinta dos Frades da Graça, que se estendia do Convento, actual Esquadra da PSP, até ao Rio Tejo.
Zona eminentemente rural, de quintas e de cortes, deu lugar a um bairro popular fruto da industrialização de Montijo.

Algumas travessas, a lembrar os pátios, recordam o perfil operário do bairro.
 No século XVIII, encontramos referências ao Corte da Barrosa, mas, no século XIX, é o topónimo Bairro Serrano que identifica toda aquela área.
Naquele século, ainda não estava construída a Estada Nova [Rua José Joaquim Marques], mas o núcleo central do bairro já apresentava uma fisionomia muito semelhante àquela que hoje apresenta.

Localização do Bairro Serrano
Em 1898, a edilidade resolveu identificar as ruas do Bairro Serrano, dando-lhes os seguintes topónimos: Rua da Praça de Touros [actual Rua Luís Calado Nunes]; Travessa da Praça de Touros [mantém-se com o mesmo nome, e liga a Rua Luís Calado Nunes à R. José Ferreira Pio]; Rua do Quartel [passava pela actual Esquadra da PSP]; R. Formosa [actual Rua Central?]; e Rua dos Quintais [identificada, então, como “a última rua do lado nascente”].

Outro aspecto do casario térreo do bairro.
Hoje, o Bairro Serrano está limitado, grosso modo, a Norte, pela Rua José Joaquim Marques [Estrada Nova]; a Sul, pelo Rio Tejo; a Oeste, pelo Bairro da Calçada; e a Este, pelo Bairro da Barrosa.
As ruas do Bairro Serrano, ainda marcadas por edificações térreas e modestas, eram vivificadas pela intensa azáfama de pequenas oficinas mecânicas, de serralharia ou de carpintaria, pelo pequeno comércio, e por outros ofícios exemplarmente exercidos por experimentados mestres, mas que, há poucos anos a esta parte, muitas se encerraram, dando lugar a ruas vazias e tristes, e deixando o bairro entregue a uma população envelhecida.

O pequeno comércio vai resistindo, sabe-se lá com que sacrifícios...

Em homenagem à laboriosa população do Bairro Serrano, permitam-me que evoque a memória de D.ª Julieta, carinhosamente conhecida por "Julieta dos Bolos". Mestra entre mestres, das suas mãos saíam autênticas obras de arte cinzeladas sobre a massa. Num aniversário, havia, pelo menos, três momentos altos - o espanto pela obra-de-arte, o intenso e demorado prazer pelo sabor do bolo e a alegria contagiante de o partilhar. Com arte, D.ª Julieta alegrou a casa de várias gerações de montijenses. As mãos de um anjo abençoaram com doçura a casa dos montijenses. Os artistas - todos os artistas - merecem ser homenageados. Desculpem-me a singeleza da homenagem.







 Ruky Luky








Um comentário:

  1. Será sempre o meu bairro.
    No largo representado na fotografia existiu um chafariz e outro junto à estação da CP.
    A proximidade do rio, por onde passa agora a circular, tinha um papel económico e de lazer importante.
    À doca chegavam e partiam muitas embarcações, que serviam algumas fábricas decortiça e davam trabalho aos descarregadores, cuja sede do sindicato também era no bairro.
    O lazer era dado pelo facto de a margem do rio ser a nossa praia onde se ia ao banho e apanhar caranguejos que, normalmente eram comidos em comunidade à porta de casa, onde o pessoal se juntava nas noites quentes de verão.
    Tempos difíceis mas muito boa gente que se entreajudava. Parabéns ao autor pelo trabalho.

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