quarta-feira, 18 de julho de 2012

O Mistério do Jarro de Vidro

A Quarta- Feira Negra da Assembleia Municipal de Montijo

Na história do poder local, em Montijo, nunca se tinha registado um caso assim.
O que se passou, naquela noite de 15 de Junho de 2011, na Assembleia Municipal de Montijo?
Por que é que o ecológico jarro de água foi substituído, depois daquela noite, por uma garrafa de plástico?
Passou-se um ano e o silêncio branqueador parece querer reinar.
Para memória futura, aqui se registam excertos das declarações de alguns dos principais participantes naquela Assembleia, com o intuito de se descortinar o mistério…

Amândio de Carvalho, presidente da Assembleia Municipal: «Gostaria de lamentar alguns factos que se passaram na última quarta-feira da mesma forma que gostaria de apresentar desculpas por tudo aquilo que se passou. Como se costuma dizer: “foi mau de mais para ser verdade”.

Emanuel Costa, líder da bancada do Partido Socialista: «Assistimos a mais um espetáculo provocado pelo representante do PSD, Alberto Fernandes. Mais uma vez Alberto Fernandes teve uma atuação reveladora do que é. Tentativa de assassinato de carácter pessoal do Vice-presidente da Câmara Municipal seguida de provocações físicas à presidente da Câmara, aos vereadores do partido socialista e a todos os membros do PS desta Assembleia. Entre outras expressões proferiu de forma grosseira utilizando um tom e um nível de profundo ódio: “não tem ética, incompetente, desonesto, sem carácter, que se aproveita do erário público para si e para os seus, tachista, falta de verticalidade, mentiroso, sem escrúpulos, autarca que terá lugar no caixote do lixo da classe política”.»

Avelino Antunes, líder da bancada da CDU: «Manifestamos o nosso mais profundo desagrado [pelo que se passou nesta sala], que á algo que não se pode repetir. Os insultos pessoais, os ataques pessoais não devem por quem quer que seja, [ser] trazidos para esta sala.»

Maria Amélia Antunes, presidente da Câmara Municipal de Montijo: «O meu repúdio pelos acontecimentos da última quarta-feira. Nunca assisti a uma cena tão ignóbil. Numa declaração simples de voto, sobre uma ata, aproveitar [Alberto Fernandes] essa declaração para insultar, vilipendiar, fazer um ataque pessoal como eu nunca assisti a nenhum autarca. Algum cidadão de Montijo acredita, que aquilo que se passou, e que o PSD veiculou nos jornais, na comunicação social, não teve um fundamento, uma responsabilidade [?]»

Nuno Canta, vice-presidente da Câmara Municipal: «Eu fui objeto de um assassinato político, aqui nesta sala. Nós fomos aqui insultados, injuriados e ofendidos, não contente com a situação o deputado Alberto Fernandes, na altura, levanta-se do seu lugar e faz ameaças físicas, levanta-se e diz: “Quantos são, [?] quem vem cá [?]. ” E nós na altura num impulso porque é assim que as coisas acontecem, por ameaças físicas, eu digo senhores deputados, por aí não.
Eu queria deixar aqui o meu ato mais irrefletido, tentei junto do senhor deputado tirar algumas explicações e gerou-se uma confusão, mas o que é de fato é que fomos aqui provocados, fomos aqui ofendidos e fomos aqui injuriados
Eu reconheço que durante o insulto e da ofensa eu mantive-me calmo, impávido e sereno.»

A senhora Presidente [da Câmara] disse “o senhor é um bandalho”. O senhor Deputado Alberto Fernandes disse “bandalho és tu”.  [Acta da sessão da Assembleia Municpal de Montijo, de 15 de Junho de 2011.]
José Mata Justo, líder da bancada do PSD: «No dia 15 de Junho de 2011 nesta Assembleia ocorreu um facto político que não podemos branquear. As manifestações de violência estiveram ao rubro pelo Vereador Nuno Canta ao atirar um jarro de água de vidro já visivelmente partido ao Deputado Municipal Alberto Fernandes. Assistimos sem dúvida a um registo escrito de palavras duras de ambas as partes, lamentamos que se chegue à violência pelo arremesso de um jarro de vidro em direção ao Deputado Alberto Fernandes por parte do Vereador Nuno Canta.»

Ricardo Caçoila, único representante do Bloco de Esquerda: «O que se passou na semana passada foi inqualificável do ponto de vista político. Independentemente de quem provocou, quem foi provocado, de quem reagiu, provocou algo que na vida democrática nunca deve acontecer.»

Alfredo Rodrigues, deputado do CDS: «Olho aqui para a frente e no lugar de ver um jarro de vidro, vejo uma garrafa de plástico, há uma coisa que posso dizer e não me engano, isto deve-se a um erro político, do meu caro Engenheiro Canta, agora a minha dúvida podia ser a seguinte: Será um erro, porque a qualidade da água do município não tem condições? Não, é um erro porque o Senhor Vereador Nuno Canta atirou um jarro para cima da bancada do PSD e do CDS. Isto é que não pode ser branqueado. O ponto fulcral da questão, que é aquilo que devia ser discutido, é que temos um vereador, que é uma pessoa correta, mas cometeu um erro grave, que foi ter pegado num jarro de vidro e ter atirado para cima da bancada do PSD.

Os acontecimentos segundo a Acta de 15 de Junho de 2011 [Excerto]

«O Senhor Deputado Alberto Fernandes estava a ler uma Declaração de voto. A declaração visava directamente o senhor Vereador Nuno Canta, referindo que “não tem ética, mentiroso, incompetente, desonesto, sem carácter, sem escrúpulos, falta de verticalidade, que se aproveita do erário público para si e para os seus, tachista, autarca que terá lugar no caixote do lixo da classe política”.
O senhor Presidente da Assembleia Municipal tentou interromper a intervenção do senhor Deputado Municipal Alberto Fernandes, que não respeitou o senhor Presidente da Assembleia, continuando a ler a declaração de voto. A senhora Presidente da Câmara disse “o senhor cale-se”. O senhor Deputado Alberto Fernandes continuou no uso da palavra, elevando cada vez mais alto a sua voz. A senhora Presidente disse “o senhor é um bandalho”. O senhor Deputado Alberto Fernandes disse “bandalho és tu”, levantou-se, batendo com as mãos no peito, desafiou fisicamente a senhora Presidente da Câmara, os restantes membros do executivo e da Assembleia, dizendo “Quantas da tua laia? Quantos são? Venham Todos?”. O senhor Vereador Nuno Canta levantou-se de forma intempestiva tentou retirar satisfações junto do senhor Deputado Alberto Fernandes, empurrando uma mesa, fazendo cair um jarro e copos de vidro que se estilhaçaram, resultando ferimentos ligeiros e superficiais nos deputados Alberto Fernandes e Marília Reimão e nos senhores Vereadores Nuno Canta e Nuno Ferrão.»          

 Excertos das Actas da Assembleia Municpal - 15.06.2011 e 20.06.2011 

Ruky Luky

Um comentário:

  1. A ata fala por si! Pelos mentirosos e mentirosa que se acobardam no poder.
    A política quere-se transparente, no montijo temos os políticos do PS (alguns) que não estão nem opacos nem translúcidos, mas sim sujos, consporcados e que se vendem por 30 moedas.

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