quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Jornais de Montijo

Subsídios para uma Cronologia

Não se publica um jornal em Montijo.
Ao longo de mais de cento e vinte anos, Montijo teve o seu semanário, apesar de todas as dificuldades que acompanham a edição dum semanário, por mais simples que seja.
Os jornais, em Montijo, conviveram com monárquicos e republicanos, com fascistas e democratas, mas não sobreviveram ao garrote político do cinismo político.
A história do jornalismo em Montijo revelará como, nos anos de Abril, os comunistas souberam respeitar a liberdade de imprensa, enquanto que os socialistas a torpedearam. É uma página escura que um dia não deixará de ser escrita.
Apresenta-se agora ao leitor uma relação dos jornais publicados em Montijo, embora lacunar.



O primeiro jornal, de que há notícia, publicado no actual município de Montijo, que já se chamou de Aldeia Galega do Ribatejo ou Aldegalega, intitulava-se «Jornal de Aldegalega do Ribatejo - Semanário dedicado à defesa dos interesses dos concelhos que compõem a comarca» e foi publicado em de Junho de 1886. Desconhece-se a existência de qualquer exemplar e o período de publicação. Em Outubro de 1888, foi publicado o jornal «A Comarca», de que se ignora também a periodicidade e a existência de qualquer exemplar. O jornal voltará a ser editado (II série) entre 1900 -1913. Dirigiu o jornal António Saturnino d’Almeida. 
As actas das sessões da Câmara Municipal de Aldegalega, de 1890, referenciam a existência do «Clamor da Pátria», cujo proprietário foi Aniceto José Rodrigues. Nada mais se sabe deste jornal.
A Biblioteca Nacional conserva o primeiro exemplar do jornal «O Aldegalense - Semanário Político, Noticioso, Literário e Recreativo», publicado em 8 de Setembro de 1895. A sede do jornal localizava-se na R. da Cruz, n.º 23, em Montijo. Jacinto Pedro Oliveira foi director, proprietário e editor e esclareceu, ao lançar o primeiro número do periódico, que «Aldegalega estava sem um representante na imprensa».Quatro anos resistiu «O Aldegalense», em Montijo. Em 19 de Março de 1899, transferiu a sede para Lisboa e o novo editor, José Tomás Lopes, extinguiu o título porque «o nome de O Aldegalense parece encerrá-lo nos estreitos limites desta povoação.» O novo jornal passou a denominar-se «O Ribatejo».
Em 1898, foi publicado o jornal «A Voz do Povo», «Semanário Noticioso e Literário: defensor dos Interesses Locais de Aldegalega e Sua Comarca», cujo director foi J.L. d’Oliveira. São escassas a notícias deste semanário.
No princípio do século XX, em 21 de Julho de 1901, passou a ser editado «O Domingo - Semanário noticioso, literário e agrícola». No sétimo ano da sua publicação, num momento em que os republicanos ganhavam forte influência em Aldegalega, o jornal assume a matiz republicana passando a subintitular-se de «Semanário Republicano Independente». Após a Revolução de 5 de Outubro de 1910, corria o ano de 1911, o jornal assumiu-se como «Semanário Republicano Radical».
Até 15 de Agosto de 1920, data do último jornal, foi proprietário e editor, José Augusto Saloio, figura proeminente do Partido Republicano Português. A sede do hebdomadário localizava-se na R. da Cruz.
Jornal de cariz ideológico republicano a partir de 1908, contou com a colaboração, entre outros, de Cipriano Salgado Júnior, Manuel Tavares Paulada e Luciano Fortunato da Costa, figuras gradas do republicanismo em Aldegalega.
A colecção completa do jornal foi adquirida pela Câmara Municipal de Montijo à neta de José Augusto Saloio.
A Biblioteca Nacional tem em depósito números avulsos desta publicação, mas desconhece-se outra colecção tão completa quanto a do Município montijense.
Em 1 de Julho de 1909, na Vila de Canha, foi publicado «A Victória», jornal republicano para fins beneficentes.
Após a implantação da República [5 de Outubro de 1910], o jornal «O Domingo» assumiu-se como «Semanário Republicano Radical», como já se registou, e surge o primeiro jornal de propaganda mutualista, «A Desafronta - Folha semanal, noticiosa e de propaganda mutualista», que foi publicado por José Teodósio da Silva, proprietário e redactor, entre 1 de Outubro de 1912 e 10 de Novembro de 1912.

Em 17 de Novembro de 1912 publica-se o «Povo de Aldegalega», semanário de propaganda mutualista, que substituiu «A Desafronta», extinguindo-se em 11 de Maio de 1913. A radicalização da vida política republicana e a secessão operada no Partido Republicano Português originou o aparecimento do Partido Democrático [Afonso Costa] e do Partido Evolucionista [António José de Almeida], para só se citar os dois que tiveram maior projecção em Montijo. Aldegalega testemunhou, então, o aparecimento do jornal «Evolução», que se apresentou como «Semanário do Centro Republicano Evolucionista 31 de Janeiro», em 8 de Novembro de 1913, e na segunda fase, iniciada a 7 de Outubro de 1917, passou a ser o “Órgão do Partido Evolucionista Local”. Foi seu proprietário e editor Álvaro Tavares Mora e director António Rodrigues Caleiro, figura grada do republicanismo, em Montijo, e pena sempre pronta para a polémica com os adversários políticos. O último número conhecido do jornal é de 1919.
Ignora-se a data da fundação do jornal «A Razão - Semanário do Partido Republicano Português». Publicou-se, pelo menos, entre 1916 e 1923. Dirigiram «A Razão», entre outros, Joaquim Maria Gregório, Dr. Manuel Paulino Gomes, Manuel Tavares Paulada e o Dr. Gabriel da Fonseca. No sexto ano da sua publicação subintitula-se “Jornal Independente Defensor dos Interesses da Comarca” e, no ano seguinte, “Órgão das Comissões Políticas do Partido Republicano Português de Aldegalega Defensor dos Interesses da Comarca” e em 8 de Abril de 1923, “Jornal Republicano Radical”.
O jovem Joaquim serra, que se viria a revelar um dos mais proeminentes intelectuais de Montijo, publicou o jornal manuscrito «A Mocidade – Semanário Republicano Democrático», entre 4 de Abril de 1920 e 9 de Abril de 1922.
«A Liberdade - Semanário» foi o título que o Dr. Paulino Gomes, dirigente do Partido democrático em Aldegalega deu ao jornal que propugnava pelas ideias de Afonso Costa. O primeiro número foi editado em 5 de Outubro de 1921 e o último em 28 de Setembro de 1924.
Para celebrar a travessia do Atlântico Sul, foi publicado, em Montijo, em 18 de Junho de 1922, o jornal «Lusitânia», número único comemorativo do feito heroico realizado por Gago Coutinho e Sacadura Cabral. Foi director, Francisco da Silva Jr., e editor: Álvaro Zeferino de Campos Valente.
Em 10 de Fevereiro de 1924, foi editado «O Sport – Quinzenário desportivo», dirigido por Alfredo R. Taborda.
Antes da mudança do nome do concelho, foi apresentado o jornal «Montijo – Semanário Republicano de Propaganda e Defesa dos Interesses de Aldegalega», em 30 de Março de 1930. O jornal extinguiu-se em 20 de Setembro de 1931. Foi seu proprietário, Renato Augusto Soares Homem, administrador, Frederico Ribeiro da Costa, e director, João António Xavier Lopes.

A «Gazeta do Sul – Semanário Regionalista» começou a ser publicado em 1 de Julho de 1930, em Vendas Novas, mudando a sede para Montijo em 1935. Foi extinto em Junho de 1990. Foi fundador e primeiro director, Alves Gago.
No dia 20 de Dezembro de 1931, Joaquim Serra lançou «A Ideia – Semanário Republicano». Encerrou-se em 12 de Junho de 1932. Não resistiu à doença prolongada e à morte do seu fundador.
«A Minha Terra – Mensário Defensor do Progresso e Engrandecimento da Freguesia de Canha», foi editado em Outubro de 1931. Ignora-se a data da extinção. Foi proprietário, editor e director, Artur Jesus Oliveira.
«Notícias do Montijo – Semanário Regionalista» foi publicado entre 6 de Março de 1932 e 12 de Junho de 1932. Foi proprietário, Eduardo Lopes; editor, Passos de Figueiredo; e director, Teodoro da Silva.
«Montijo – Semanário Republicano Regionalista», dirigido pelo Dr. Manuel Paulino Gomes, foi publicado entre 26 de Junho de 1932 e 23 de Abril de 1933.
«Jornal de Montijo», foi o título que Júlio Ferreira. Administrador; Alfredo Oliveira, director; e João Lopes, redactor, deram ao jornal publicado entre 16 de Junho de 1933 e Novembro de 1933 (?).
«A Verdade – Jornal dos Novos», 1933. Director (es): Rui Alberto e Joaquim Capela.
«Notícias de Montijo – Semanário Regionalista», 1933. Propriedade da Empresa de Publicidade dos Sul. Director: Eduardo Lopes.
«A Ideia – Semanário Republicano do Montijo (IISérie)» projecto de António Rosado para dará continuidade à obra de Joaquim Serra. Publicou-se entre 20 de Maio de 1934 e 25 de Novembro de 1934.
«Desporto e Recreio – Boletim Comemorativo do 23º Aniversário do Onze Unidos Futebol Clube». 16 de Julho de 1946.
«O Ateneu». Propriedade do Ateneu Popular do Montijo. Director: Cosme Benito Resina. Publicou-se, pelo menos, entre 1947 e  1951.
«Boletim da Comissão Pró-Casa da Criança». Junho de 1953 – Novembro de 1962.
«Alvorada – Órgão Trimestral da Cultura Religiosa de Jovens Baptistas Para A Mocidade». – Junho de 1948. Director: Eduardo L. Martins.
«A Província» 3 de Março de 1955 – 1956. Director(es): V.S. Mota Pinto e Álvaro Valente.
«Despertar – Boletim Paroquial de Montijo». Dezembro de 1955 – 1958. Trimestral. Director: Prior do Montijo.
«Pátria Amada – Jornal dos Centros da Mocidade Portuguesa da Escola Industrial e Comercial do Montijo».  1960.

«Estrela – Jornal do Estrela Futebol Clube Afonsoeirense». 1976.
«Vida Social – Quinzenário ao Serviço da Nação, da Democracia, do Povo e da Liberdade». 1980. Proprietário e Director: Mariano Pereira.
«Aldeia Galega». 1985. Propriedade: Ateneu Popular do Montijo. Directora: Rosália Marques.
«O Congresso – Jornal do II Congresso dos Municípios com Portos e Actividades Piscatórias». Setembro de 1988 – Maio de 1989. Propriedade: Câmara Municipal do Montijo.
«Nova Gazeta». Junho de 1990 –[?] . Propriedade: Sociedade Gráfica do Sul, C.R.L. Directores: Orlando Curto, Avelino Rocha barbosa, Rocha barbosa e Luís Luizi.
«Manta de Retalhos – Órgão da Comissão Executiva da Semana da 3ª Idade». Maio de 1991.
«O Desportivo do Montijo – Revista do Clube Desportivo do Montijo» Março de 1993. Director: Artur Lucas.
«Local Montijo». Março de 1992. Director: Eduardo Bandeira Martins.
«APONTE – Semanário do Distrito de Setúbal».30 de Outubro de 1992 – 26 de Fevereiro de 1993. Director: José Henrique Cardoso.
«Ardina – Jornal da Escola Secundária nº1». Dezembro de 1992. Substituiu o jornal Maré começado a editar em 1988.
«Notícias de Montijo». 12 de Fevereiro de 1999 – [?] Director: Alcídio Torres.
«Jornal do Montijo». 1999 – . Director: Alves Rito.
«Gazeta do Montijo». Dezembro de 2012. Director: Mário Silva. Mensário.
«Nova Escrita». 2012. Directora: Rosário Pinto.












Ruky Luky

2 comentários:

  1. O Rui talvez quisesse dizer que não se publica um semanário em Montijo, pois, com muita dificuldade, ainda que com um periodicidade mensal, lá vai singrando a "Gazeta do Montijo", que já teve a honra, apesar de bebé de ter um processo na ERC, movido pela autarquia e por um cidadão amigo do progresso de Montijo. As dificuldades são cada vez maiores, num mar que, em vez de muita água, tem muito lodo e o barcos não conseguem navegar, até porque os ventos não parecem estar a ajudar. São as crises que são cíclicas e agora estamos numa que, como todas as outras, há-se ser ultrapassada, porque a razão triunfará para que a vida continue.

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    1. O meu obrigado a Joaquim Tapadinhas pelo esclarecimento, as minhas desculpas à Gazeta do Montijo, mensário que vai honrando os pergaminhos de Montijo, pelo lapso.

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