O Valente Carreteiro Francisco Brito
«Corria
o ano de 1809, quando os franceses aportaram a Aldeia Galega do Ribatejo, em
sete barcos, com o fim de seguirem para Évora, sob o comando do general maneta
Loison.
Falaram
com o Juiz de Fora, o célebre Francisco Rodrigues Cardeira que, coagido (diz
ele) os aquartelou - com o fim de evitar o aboletamento em casas particulares –
na ermida e residência pertencente aos frades da Graça (agostinhos).
Loison
dirigiu-se para o Alentejo e deixou na vila um seu lugar-tenente, por nome
Foucoult, que ficou exercendo a supremacia das tropas francesas, na vila
estacionadas, com o título de Governador.
Escusado
será dizer que o ânimo do povo exasperou-se com tão inoportuna invasão.
Era
porém preciso tratar do transporte das bagagens e numeroso trem militar que
haviam de acompanhar o general e que aguardavam o seu destino no cais.
Foi
chamado para esse fim o corajoso carreteiro Francisco Brito, o qual veio buscar
o dito trem junto do cais, em duas carretas.
Carregadas puseram-se a caminho. Mas o dito carreteiro,
chegando ao sítio de N.S. da Atalaia, pouco povoado ainda, sendo insultado
pelos dois soldados franceses que iam de guarda às bagagens avança contra eles
e, num gesto de decidida valentia, deixa-se de contemporizações, e com o
aguilhão que levava lança-os por terra e tanta pancada lhes dá que os prostrou
quase mortos, tirando-lhes as armas.
Francisco
Brito, é claro, foi perseguido pelo acto enérgico praticado, e grandes diligências
se empregaram para conseguir a sua captura.
Todavia
ele não trepida, vai de noite a sua casa e leva consigo o pai e foge, indo
acoutar-se à protecção do seu amigo, reverendo Joaquim Rodrigues da Costa,
prior da freguesia de S. João Baptista, de Alcochete.
De
Alcochete, Francisco Brito parte para Alcácer do Sal, onde se conservou recatado
em casa de Manuel Coelho, capitão-mor de Ordenanças e amigo do prior de
Alcochete, até ser restaurada a soberania.»
Excertos do texto do P.e Alberto
Gonçalves publicado na Gazeta do Sul, em 1937
Ruky Luky
Ir rebuscar episódios, como este, é uma maravilha, que é pena que fiquem apenas num blogue com um número muito limitado de leitores. Contudo, ficam e persistem.
ResponderExcluirObrigado Rui, por mais esta contribuição para que possamos conhecer as raízes da nossa terra.