segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Um episódio na Invasão Francesa

O Valente Carreteiro Francisco Brito

«As tropas francesas comandadas por Loison, «O Maneta», ficaram aquarteladas na residência pertencente aos frades da Graça (Agostinhos) - primeiro edifício, à esquerda, hoje esquadra da PSP. Nessa ocasião vivia ali apenas um capelão, estando o prédio a servir de celeiro para o recolhimento de trigo e cevada.»

«Corria o ano de 1809, quando os franceses aportaram a Aldeia Galega do Ribatejo, em sete barcos, com o fim de seguirem para Évora, sob o comando do general maneta Loison.
Falaram com o Juiz de Fora, o célebre Francisco Rodrigues Cardeira que, coagido (diz ele) os aquartelou - com o fim de evitar o aboletamento em casas particulares – na ermida e residência pertencente aos frades da Graça (agostinhos).
Loison dirigiu-se para o Alentejo e deixou na vila um seu lugar-tenente, por nome Foucoult, que ficou exercendo a supremacia das tropas francesas, na vila estacionadas, com o título de Governador.
Escusado será dizer que o ânimo do povo exasperou-se com tão inoportuna invasão.
Era porém preciso tratar do transporte das bagagens e numeroso trem militar que haviam de acompanhar o general e que aguardavam o seu destino no cais.
Foi chamado para esse fim o corajoso carreteiro Francisco Brito, o qual veio buscar o dito trem junto do cais, em duas carretas.
 Carregadas puseram-se a caminho. Mas o dito carreteiro, chegando ao sítio de N.S. da Atalaia, pouco povoado ainda, sendo insultado pelos dois soldados franceses que iam de guarda às bagagens avança contra eles e, num gesto de decidida valentia, deixa-se de contemporizações, e com o aguilhão que levava lança-os por terra e tanta pancada lhes dá que os prostrou quase mortos, tirando-lhes as armas.
Francisco Brito, é claro, foi perseguido pelo acto enérgico praticado, e grandes diligências se empregaram para conseguir a sua captura.
Todavia ele não trepida, vai de noite a sua casa e leva consigo o pai e foge, indo acoutar-se à protecção do seu amigo, reverendo Joaquim Rodrigues da Costa, prior da freguesia de S. João Baptista, de Alcochete.
De Alcochete, Francisco Brito parte para Alcácer do Sal, onde se conservou recatado em casa de Manuel Coelho, capitão-mor de Ordenanças e amigo do prior de Alcochete, até ser restaurada a soberania.»


Excertos do texto do P.e Alberto Gonçalves publicado na Gazeta do Sul, em 1937


Ruky Luky

Um comentário:

  1. Ir rebuscar episódios, como este, é uma maravilha, que é pena que fiquem apenas num blogue com um número muito limitado de leitores. Contudo, ficam e persistem.
    Obrigado Rui, por mais esta contribuição para que possamos conhecer as raízes da nossa terra.

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