terça-feira, 5 de junho de 2012

Presidente ou Barriga-de-Aluguer?


A concelhia de Montijo do Partido Socialista elegeu um novo presidente. Será o candidato à presidência da Câmara Municipal de Montijo?

O Eng.º José Francisco dos Santos, actual presidente da Junta de Freguesia de Montijo e dirigente nacional da Associação Nacional de Freguesias [ANAFRE], foi eleito presidente da Comissão Política Concelhia de Montijo do PS.
Professor aposentado, José Francisco dos Santos é uma figura prestigiada quer pelo modo como exerceu o seu magistério, quer, ainda, pelo modo tolerante e cordato, com que se relaciona, politicamente, com os seus adversários.
Francisco dos Santos tem exercido as funções de presidente da Junta de Freguesia com dedicação e não esconde o entusiasmo pelo exercício da política autárquica, quer a nível local, quer a nível nacional. É natural que alimente a legítima ambição de exercer a sua actividade num outro patamar.

Salvo raríssima e contextualizada excepção, o presidente da comissão política concelhia do PS/Montijo tem sido, em todos estes anos de regime democrático, o candidato natural à presidência da Câmara Municipal de Montijo
 Assim, é expectável que José Francisco dos Santos, por legítima ambição e por tradição partidária, seja o próximo candidato do PS à presidência da Câmara Municipal de Montijo.

Contudo, no “ninho” da candidatura está, há anos, a “chocar” um “ovo”, cujo fim do prazo de gestação está previsto para 2013.
É certo que o “ovo” está quebrado devido à “queda” de um jarro de água, mas, como diz o povo, «quem não tem vergonha, todo o mundo é seu». Hélas! que se faz tarde.
Ora, a questão que agora se coloca é de se saber se a correlação de forças no interior do PS permitirá a natural candidatura de Francisco dos Santos ou se este, ainda que venha a ser o candidato socialista, não será tido como “barriga-de-aluguer” de um parto há muito anunciado.
 

O Dito e o Feito
 
O Partido Socialista é, no Montijo, o campeão verbal da ética política. Porém…

Advertiam os sages latinos que «verba volant scripta manent», e é pena que este conselho não tenha feito escola entre alguns militantes do PS/Montijo.
De facto, as palavras voam, mas a escrita permanece, e quando se confronta o discurso socialista com a prática não bate a bota com a perdigota.

Já aqui trouxemos o exemplo da filha de uma conceituada figura socialista que concorreu a um lugar de cantoneiro de limpeza, mas logo foi agraciada com uma caneta, em vez da vassoura.
Hoje, aqui se apontará outro exemplo com outro recorte, é certo, mas com igual objectivo probatório – a falta de coerência entre o discurso e a prática política.

 O Dito

 Passamos a citar:

«Se estou totalmente de acordo que os políticos locais possam recrutar fora das Câmaras pessoas da sua confiança política para os seus gabinetes, discordo em absoluto que essas pessoas façam parte das Assembleias Municipais, órgãos fiscalizadores da actividade das Câmaras.
As pessoas que estão nos gabinetes dos Executivos, não têm isenção suficiente, para poderem participar no órgão fiscalizador da Câmara. (…) Faz algum sentido os membros dos gabinetes políticos fazerem parte dos órgãos fiscalizadores? É evidente que não faz nenhum sentido, é uma questão política de fundo que não tem nada a ver com o legal e tem mais a ver com a ética política e com a prática da vida.
É evidente que é uma tentação, porque os membros dos gabinetes, estão melhor preparados e muito melhor informados, porque são profissionais da política e exercem a sua actividade junto do poder, mas também é fácil de ver que essa informação, na prática, só vai servir para ajudar as Câmaras e não para as fiscalizar.» [Negrito nosso.]

O texto foi assinado, no Jornal do Montijo, em 22 de Março de 2002, pelo conceituado e influente militante socialista José Bastos.

O Feito

Ficámos a saber que «As pessoas que estão nos gabinetes dos Executivos, não têm isenção suficiente, para poderem participar no órgão fiscalizador da Câmara» e que esta «é uma questão política de fundo que não tem nada a ver com o legal e tem mais a ver com a ética política e com a prática da vida

E o que diz a prática da vida socialista em Montijo?

O Adjunto da presidente da Câmara Municipal [As pessoas que estão nos gabinetes dos Executivos, não têm isenção suficiente, para poderem participar no órgão fiscalizador da Câmara] é deputado municipal e líder da bancada socialista da Assembleia Municipal [é uma questão política de fundo que não tem nada a ver com o legal e tem mais a ver com a ética política e com a prática da vida].

Contra factum non argumentum est.

 Ruky Luky






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