quinta-feira, 29 de março de 2012

O Imenso Adeus ao Cais dos Vapores - Em defesa das minhocas!

Cais dos Vapores. O seu movimento animava a cidade. Mas os defensores do Cais do Seixalinho garantiam que os catamarans arruinavam os muretes das salinas (que já não existiam); os catamarans voltavam os pequenos barcos dos pescadores (de que nunca houve notícia); as dragagens davam cabo das minhocas.
6.04 – Mário Pinto, num artigo publicado na «Nova Gazeta» analisa as potencialidades do Cais dos Vapores.

13.04. Presidente da Câmara Municipal, Maria Amélia Antunes – «A melhor decisão, uma das melhores decisões do ponto de vista estratégico e de futuro para o Montijo, que nós podemos tomar é apoiar a Transtejo em melhorar as carreiras e exigir mesmo o aumento do número destas assim como qualidade dos transportes. Não pretendemos a unanimidade. Quem exerce o poder não pode agradar a gregos e a troianos. Há algumas pessoas que têm preocupações e que nós respeitamos. Mas existem outras cujas preocupações nada têm a ver com a realidade das preocupações das outras pessoas. Encobrem frustrações, ausência de projectos, ausência de políticas, encobrem uma mediocridade muito grande. São pessoas frustradas política e profissionalmente e que não correspondem às mudanças que os novos tempos trouxeram nem aos desafios de modernidade, que se colocam às comunidades em cada dia.»

Presidente da Comissão Política Concelhia do PSD, Carlos Fradique – «Entende o Partido Social Democrata que a intenção da Câmara e da sua Presidente, quanto à obra do Cais do Seixalinho constitui um caso que pelos seus desenvolvimentos justifica plenamente que se pergunte directamente os Montijenses o que pretendem, se querem manter a infra-estrutura do Cais dos Vapores, melhorando-a, ou construir o Cais do Seixalinho. O PSD, consciente das suas responsabilidades, vai desencadear os mecanismos legais para através de um REFERENDO LOCAL auscultar a vontade dos munícipes.»

Deputados comunistas da Assembleia da República, Vicente Merendas e Joaquim Matais, interrogam o Governo para saberem que justificação tem o governo para alterar a localização do cais em prejuízo da população utente e se tenciona respeitar as justas aspirações da população para que o Cais dos Vapores continue a servir a população e os interesses da cidade.

                                               Cais dos vapores

18.04 – Plataforma Cívica de Defesa do Cais dos Vapores solicita uma audiência ao Ministro do Equipamento Social

20.04 – Jornal do Montijo – «Câmara reúne hoje com empresas transportadoras. Segundo Maria Amélia Antunes, o grande objectivo «é dar início a um conjunto de reuniões de trabalho para melhorar os transportes no concelho aquando da entrada em funcionamento do Cais do Seixalinho», ou seja, em Novembro do corrente ano.»

José Bastos – «A oposição está preocupada com os impactes ambientais causados pela construção do Cais Fluvial Regional no Seixalinho. O Deputado do PSD, Jorge Moreira da Silva, resolveu apresentar perguntas escritas à União Europeia. O Senhor eurodeputado do PSD está muito preocupado com o ecossistema de aves e espécies aquáticas. É difícil perceber (senhor eurodeputado) que os impactes ambientais muito negativos, causados pela vinda dos catamarans até ao Cais dos Vapores é incomparavelmente superior àqueles que existam com a construção do aterro para estacionamento no Cais (do Seixalinho)? O Senhor eurodeputado do PSD, Jorge Moreira da Silva sabe que os modernos catamarans destruíram os muretes das salinas de Montijo que se estão a transformar em sapal? O Senhor eurodeputado do PSD sabe que as ondas dos catamarans voltam os pequenos barcos dos pescadores? O Senhor eurodeputado Jorge Moreira da Silva sabe que a dragagem da cala para os barcos navegarem até ao Cais dos Vapores é ambientalmente negativa? O Senhor eurodeputado do PSD não deve só procurar pelas aves à União Europeia, deve também perguntar pelas minhocas que vão misturadas com os lodos no caso das dragagens.»

24.04 – A Deputada da Assembleia da República Heloísa Apolónia (PEV) requer ao Ministério do Equipamento Social que seja informada acerca dos estudos de avaliação de impactes sociais, ambientais e económicos que justificam e estão na base da decisão de transferência do terminal fluvial para o cais do Seixalinho; se há garantias de transporte de ligação entre a cidade e o cais com custos adicionais; do que levou à inexistência de discussão pública de uma matéria que gerou polémica no Montijo e que mecanismos estão garantidos para evitar o assoreamento do rio, se se encerrar o cais dos Vapores.

25.04 - Início da Recolha de Assinaturas para a realização do Referendo Local de iniciativa de cidadãos com o objectivo de promover a consulta popular sobre a transferência da estação fluvial do Cais dos Vapores para o Cais do Seixalinho, pretendendo-se também com a escolha desta data assinalar a passagem do 27º aniversário da Democracia. A pergunta que vai ser referendada é a seguinte «concorda com a transferência da estação fluvial do cais dos Vapores para o Cais do Seixalinho?».

Setubalense – «A presidente da Câmara Municipal do Montijo, representantes das empresas de táxis, dos Transportes Sul do Tejo, Transtejo, Junta de Freguesia da cidade e da equipa de consultores que se encontra a elaborar o Plano Municipal de Transportes reuniram na passada semana. Em cima da mesa esteve a conjugação de esforços para dotar o novo cais do Seixalinho de melhores acessibilidades para os utentes. A autarca reafirmou que «não haverá aumento do preço» para os utentes que se tenham que deslocar ao Seixalinho e disse que ficou garantido que «não haverá qualquer carreira de barco que não seja servida por autocarro».”

2.05 – TST – Os Transportes Sul do Texto, S.A. informam a Plataforma Cívica de Defesa do Cais dos Vapores que «o assunto relativo à transferência do Cais dos Vapores para o Cais do Seixalinho tem vindo a ser objecto de análise conjunta com as autoridades intervenientes, nomeadamente Transtejo e Câmara Municipal de Montijo que tem coordenado o projecto. Neste sentido deverão contactar a Câmara Municipal de Montijo que dispõe de informações globais».

                                           Cais do Seixalinho= cais de mercadorias

4.05 – Nova Gazeta – «Com o Referendo à espreita, mais de 5000 montijenses já se manifestaram contra a transferência do Cais para o Seixalinho, assinando o abaixo-assinado posto a correr pela Plataforma Cívica de Defesa do Cais dos Vapores.»

Luís Luizi – «A questão é de saber se a população do Montijo não merece que se gaste o custo das dragagens, para que se mantenha o Cais dos Vapores como terminal fluvial, com as suas vantagens e expurgado dos seus inconvenientes. Pena é que estas trocas de ideias caiam em saco roto, porque «as pessoas primeiro» foi slogan eleitoral, mas não criou raízes em muitos dos que nos governam.»

António Carvalho - «Por ironia do destino, parece-me que se vai reflectir (com a mudança do cais) o que se passou com a Ponte Vasco da Gama. Muitos foram contra a sua localização porque, diziam, se perderiam características essenciais de modelo de vida económica e social...Hoje são os primeiros a passar para a outra margem para os desfrutes e consumos mais insuspeitos, mas sempre a encher a boca com preocupações pelos valores e comércio local.»

7.05 – Início da construção do terminal do Seixalinho, com terraplanagens e construção de um aterro. As obras estavam agendadas para o mês de Março. A Transtejo garante que, se não houver problemas na primeira fase da obra, a segunda começará em Junho, estando o Cais concluído até ao final do ano. O previsão de custos do interface é de 950 mil contos.

Transtejo – «As constantes dificuldades pelo constante estreitamento do canal do Montijo e a necessidade de regularmente ter de se proceder a dragagens que por motivos ambientais conhecidos não poderão continuar a realizar-se poderia obrigar a muito curto prazo à suspensão da ligação com catamarans. (O Montijo) ganhará um novo espaço nobre, virá reduzir os níveis de poluição no interior da cidade e melhorará a qualidade de vida e do ambiente.»

Jornal do Montijo – «Os automobilistas poderão aceder ao novo cais pela Circular Externa da cidade, cuja obra custará 3 milhões de contos. A primeira fase entre a EN4 e a Rotunda de S. Sebastião estará pronta a tempo da inauguração segundo previsão da câmara municipal. A Transtejo prevê que, no primeiro ano de funcionamento do novo cais, o número de passageiros sofra um acréscimo na ordem dos 50%, provenientes de Montijo, Alcochete, Moita, Palmela e Vendas Novas.»

10.05 – Conselho de Administração da Transtejo – «Iremos introduzir e promover um novo título de transporte combinado com os outros operadores que representa para os clientes uma poupança no custo em cerca de 3%, no caso de utilizar a rede urbana rodoviária na margem Sul e um novo título combinado com o respectivo estacionamento que não representa aumento de custos relativamente ao passe actual. Por outro lado para os que não necessitem de utilizar o parque de estacionamento, nem a rede rodoviária urbana a poupança mensal situar-se-á em cerca de 20%. (o) Parque de estacionamento (tem) garantia de segurança durante o período de parqueamento e (a taxa é) de cerca de um euro por um período diário.»

11.05- Nova Gazeta –«A Plataforma Cívica, na sua última reunião, deliberou suspender a recolha de abaixo-assinados, que se cifram já em cerca de 5000 assinaturas, para que não colida com a recolha de assinaturas a que se procede agora para a realização de um referendo acerca da transferência do Cais dos Vapores e apoiar a recolha de assinaturas para o Referendo.»

12.05 – O Deputado da Assembleia da República, Paulo Portas (CDS/PP) encontra-se com membros da Plataforma Cívica que o inteiram dos seus propósitos e promete interrogar o Governo sobra as razões da mudança.

18.05 – Comissão Política Concelhia do Montijo do PSD – «Este é o mesmo José Bastos e o mesmo PS que mandam na Câmara de Montijo, façam o vosso próprio juízo.” Comentário que acompanhou a publicitação da notícia do “Público” de 27 de Março de 1991, feita por aquele partido em que José Bastos e o PS se manifestavam contra a mudança do cais para o Seixalinho, porque traria demoras no acesso à cidade e, por outro lado, porque a Transtejo queria fugir à obrigação de tratar do assoreamento e das margens do rio.»

Deputada da Assembleia da República, Lucília Ferra (PSD) – «Muito se tem falado na transferência do cais fluvial dos vapores para o Seixalinho. Porém, excepto a honrosa excepção proporcionada pela Assembleia de Freguesia do Montijo, nunca os cidadãos do Montijo tiveram a possibilidade de participar num fórum de debate sobre o assunto. Na verdade, a Câmara Municipal do Montijo, apesar de competente para decidir sobre a matéria, nunca se preocupou em promover o devido esclarecimento das populações, apresentando, como era seu dever, as várias soluções alternativas existentes. Perante as recusas injustificadas em discutir publicamente o projecto, e dadas as implicações futuras de tal decisão, decidiu um grupo de cidadãos eleitores promover um Referendo Local. Aqui sim os cidadãos poderão participar e esclarecer as sua dúvidas votando, em consciência, Sim ou Não ao Cais do Seixalinho. (Se) Impedir o referendo ao Cais do Seixalinho, o Partido Socialista presta um mau serviço ao Montijo e um péssimo serviço aos nossos conterrâneos.»

M. Guerreiro – «decidir-se a transferência do cais fluvial de passageiros para o Cais do Seixalinho, apresentando-se como razão principal a redução do trânsito e de estacionamento de viaturas no centro da cidade, salvo o devido respeito por melhor opinião, não é uma razão muito aceitável nem muito convincente. Para os moradores de Montijo, do meu ponto de vista, não se vislumbra qualquer vantagem na transferência do cais fluvial de passageiros do Cais do Vapores para o Cais do Seixalinho.»
                                               Cais do Seixalinho

21.05 - Presidente da Câmara Municipal, Maria Amélia Antunes – «A possibilidade, reconhecida recentemente pela Transtejo, de se ver obrigada a suspender, a curto prazo, a ligação Montijo/Lisboa com navios rápidos, devido à degradação progressiva das condições de navegabilidade do canal do Montijo e aos problemas ambientais criados torna ainda mais urgente a opção pelo Cais Fluvial do Seixalinho. No entanto, para a autarquia esta justa opção deve estar intimamente ligada à valorização e requalificação do Cais dos Vapores, dotando-o de um porto de recreio, com apoio às diversas actividades náuticas, sedes de clubes, prevendo-se a instalação de restaurantes e actividade terciária.»

25.05 – Transtejo publica anúncio para a empreitada de construção do novo terminal fluvial do Montijo – Cais do Seixalinho. O prazo de execução da obra é de 150 dias e o preço base de 650 mil contos.

www.geocities.com/cais_vapores_sim é a página da Internet criada pela Plataforma Cívica de Defesa do Cais dos Vapores com o objectivo de disponibilizar informação sobre o Cais dos Vapores e as consequências  de uma hipotética transferência da estação fluvial para o Cais do Seixalinho. Nesta mesma data foi divulgado o endereço electrónico deste movimento cívico: cais_vapores_sim@yahoo.com

Rui Jorge Aleixo – «A Transtejo distribuiu aos seus clientes uma nota informativa onde tenta justificar a razão da mudança do cais. Razões factuais e concretas não se vêem, ou melhor, não se lêem em tal nota, dita «informativa», pois é mais aquilo que a Transtejo não diz do que aquilo que diz. Por exemplo, refere a Transtejo sobre as dragagens «que por motivos ambientais conhecidos não poderão continuar a realizar-se», mas não refere os motivos. Serão as minhocas que aquele, que agora se comporta como o porta-voz da Transtejo em Montijo, tanto diz defender? Pelas imagens feitas em CAD (Desenho Assistido por Computador) do «projecto» (da estação fluvial) pode ver-se que o Cais do Seixalinho continuará a ser utilizado para «a movimentação de areias e adubos» assim como para a movimentação de pessoas. É deste modo que a Transtejo coloca «os clientes no centro das preocupações».

1.06 – Nova Gazeta – «O Ministério do Equipamento Social (MES) não mandará dragar a cala do Montijo, se o cais for deslocalizado para o Seixalinho, e toda a zona contígua ao cais dos Vapores ficará assoreada, como aconteceu com a desactivação do denominado Cais do Milho/Mundet, que se situa a montante do actual cais. O Ministério respondeu assim à pergunta feita pelo Bloco de Esquerda: «relativamente à pergunta - que obras de conservação e manutenção do Cais dos Vapores estão previstas, uma vez que a sua desactivação pode significar o seu abandono ou assoreamento do rio – cumpre-nos informar que tanto quanto sabemos a Câmara Municipal desenvolve neste momento medidas no sentido da requalificação da zona ribeirinha com o aproveitamento do Cais dos Vapores para fins alternativos aos actuais.»

Carlos Fradique – «De ferozes opositores, o Partido Socialista, o Sr. José Bastos e a sua Presidente, Dr.ª Amélia Antunes, passaram a empenhados defensores da solução Seixalinho. Pergunta o povo incrédulo: o que mudou então? Bem sabemos que à data (1991) o Governo do País não estava nas mãos dos socialistas, a Câmara do Montijo era gerida por outra força política e os gestores públicos da Transtejo e do Porto de Lisboa não haviam sido nomeados pelo Partido Socialista. Mas será que a mera alternância do poder muda por completo as convicções das pessoas? Agarrados ao poder como estão, pensam que já não vale a pena discutir ideias, nem projectos, porque eles e apenas eles são os donos e senhores da verdade e da razão. Haja vontade e tenham os socialistas poder para tal, que proximamente prédios não faltarão na zona do Seixalinho. Como acima de qualquer interesse devem estar os interesses dos montijenses, entendemos que através do referendo devem ser os nossos conterrâneos a dizer sim ou não ao Seixalinho.»

4.06 – Plataforma Cívica de Defesa do Cais dos Vapores dirige-se ao Presidente da República solicitando-lhe uma audiência, «porque em visita ao nosso concelho alertou para os perigos de um crescimento urbano sem regras, para o qual este projecto contribui decisivamente. Porque o processo de decisão está inquinado, ferindo as mais elementares regras democráticas e porque se o projecto for concretizado contundirá com a História e os interesses das populações».

8.06 – Nova Gazeta – «A Plataforma Cívica de Defesa do Cais dos Vapores reuniu com Luís Reis, Adjunto do Secretário de Estado dos Transportes, em Lisboa. A indicação dada por Luís Reis que “O Cais do Seixalinho constituirá uma nova centralidade com a expansão da cidade para o poente, ao encontro do novo cais» foi a nota mais saliente do encontro que se pautou, da parte do Adjunto do Secretário de Estado, por confirmar os argumentos já aduzidos pela Presidente da Câmara.»

Presidente da Câmara Municipal, Maria Amélia Antunes – «É com sentida emoção e agrado que vejo iniciarem-se as obras do novo terminal rodofluvial do Seixalinho, 133 anos depois de inauguração das carreiras para Aldeia Galega, em 1868. Com a construção agora iniciada do novo Cais do Seixalinho, o interior da nossa cidade será servido por uma rede de transportes em mini-autocarros, capaz de satisfazer mais e melhor os utentes da Transtejo. A construção do novo terminal rodofluvial do Seixalinho, a requalificação da zona do velho cais dos Vapores e a recuperação ribeirinha, ajudarão o Montijo a vencer os desafios do presente, com a memória ancorada na tradição e os olhos postos no futuro.»

Rafael Teixeira – «A Transtejo está a dizer aos seus clientes da carreira «Montijo-Lisboa», que deixa de haver catamarans e o tempo de percurso na aludida carreira passa de 30 para 60 minutos. Não se entende! Aquando da apresentação dos catamarans, no tempo em que era Ministro o Exmo. Senhor Eng.º Ferreira do Amaral, naquela celebérrima viagem que durou 20 minutos a ligar Lisboa-Montijo, foi referido, por um Distinto responsável daquela Distinta Empresa, que os catamarans para navegarem necessitavam de 1,50 m de água devido ao seu calado.»

Rui Aleixo – «A Transtejo caiu no anedotário e o PS/Montijo, que gira à volta do Montijo como uma mariposa encandeada, já não acerta a bota com a perdigota. O Presidente dos socialistas do Montijo dança o vira e manda os seus correligionários dançar o baile mandado, que eles executam a preceito.»

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