domingo, 20 de maio de 2012

Não ao Aumento da Taxa de Resíduos Sólidos em Montijo


A Câmara Municipal de Montijo pretende aumentar a taxa de recolha de resíduos sólidos em 11%
1.      O aumento

A Câmara Municipal de Montijo aprovou, com os votos da maioria socialista, uma proposta para aumentar a tarifa mensal de recolha de resíduos sólidos, de € 3,15 para € 3,50.
O aumento da tarifa destina-se a pagar a dívida da Câmara Municipal de Montijo à AMARSUL, no montante de € 512 mil.
Segundo a presidente da Câmara Municipal de Montijo, Maria Amélia Antunes, «Não há outra forma. Há a necessidade urgente de garantir que o sistema seja sustentável, porque se não o for corremos o risco de ter o lixo nas ruas.» (in Diário da Região, 18.05.2012).
Face à proposta socialista, O PSD optou pela abstenção e a CDU votou contra, porque, segundo declarou o vereador João Veiga, as famílias já estão demasiado sobrecarregadas para o serem mais com um aumento acima da inflacção.
Em resposta, considerou então a presidente da câmara, segundo o insuspeito Diário da Região, que o sentido de voto do representante do PCP/CDU era irresponsável e que bastava de demagogia, porque, e continuamos a citar, «Ninguém mais do que eu (Maria Amélia Antunes) gostaria de diminuir taxas, tarifas… mas não é possível. Ou se tem o mínimo de qualidade de vida ou somos caloteiros

2.      CMM/AMARSUL

AMARSUL - Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos S.A. foi constituída, em 1997, tendo-lhe sido atribuída a concessão de exploração e gestão do Sistema Multimunicipal de Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos da Margem Sul do Tejo, por um período de 25 anos. O capital social da AMARSUL pertence em 51% à EGF - Empresa Geral de Fomento (detida a 100 % pela AdP - Águas de Portugal, SGPS, S.A.) e 49% aos municípios inseridos na área de atuação (Alcochete, Almada, Barreiro, Moita, Montijo, Palmela, Seixal, Sesimbra e Setúbal).
A Câmara Municipal de Montijo é titular de 3% do capital social da AMARSUL, o que se traduz na posse de 46.609 acções e na participação no capital social com o montante de € 233.045.

3.      Municípios/AMARSUL

O endividamento da AMARSUL atingiu, em 2011, o valor de 39,1 Milhões de Euros, dos quais 25,4 M correspondem à dívida de médio e longo prazo.
A dívida vencida dos municípios àquela empresa, no final de 2011, totalizava 16 milhões de euros e correspondia a 85% do total da dívida vencida de clientes.
A situação financeira da empresa tornou-se, assim, preocupante devido à dívida dos municípios, considerando o presidente da instituição que o agravamento da dívida põe em risco a sustentabilidade da empresa.
Porém, a AMARSUL, após negociações com a Associação dos Municípios da Região de Setúbal e com cada um dos municípios, em particular, celebrou acordos de pagamento das dívidas vencidas por períodos de cinco anos, e durante o ano de 2012, e em relação às dívidas contraídas pelas autarquias locais a partir de Janeiro do mesmo ano, é conferido um privilégio creditório às entidades gestoras dos sistemas multimunicipais de captação, tratamento e distribuição de água para consumo público, de recolha, tratamento e rejeição de efluentes e de recolha e tratamento de resíduos sólidos na dedução às transferências prevista na Lei das Finanças Locais.
Parece, assim, que, de boa-fé, não se pode defender que a AMARSUL esteja à beira de uma ruptura iminente financeira.

4.      A dívida da CMM à AMARSUL

A dívida da Câmara Municipal de Montijo, no final de 2011, era de € 625.031,00, correspondendo € 512.483,00, à dívida vencida, e € 112.548,0, à dívida vincenda.
Nos termos do n.º 1, do Artigo 58.º,da Lei n.º 64-B/2011, as autarquias locais que tenham dívidas vencidas às entidades gestoras dos sistemas multimunicipais do sector da água, do saneamento básico e dos resíduos devem apresentar até ao dia 15 de Fevereiro, ao ministério da tutela sectorial, as condições de regularização dos respectivos débitos.
Para cumprir a lei, a Câmara Municipal de Montijo firmou um acordo de pagamento com a AMARSUL, por um período de cinco anos, considerando a totalidade da dívida vencida e respectivos juros de mora, não se considerando, contudo, os juros vincendos.
 
5.      Como Pagar a Dívida?

A Câmara Municipal de Montijo é titular de uma dívida a médio/longo prazo superior a 20 milhões de euros, cujo serviço da dívida, que é oneroso, tem de ser cumprido anualmente.
Por outro lado, devido a claras opções políticas do executivo socialista, 85% do Orçamento Municipal está cativado para o pagamento de ordenados e despesas para o funcionamento dos serviços.
Acresce que, atendendo a uma incompetente reforma das taxas e à crise da construção civil, o município sofreu uma forte quebra de taxas cobradas, que se reflectiu – e se reflecte - nas receitas arrecadadas.
A redução do montante das verbas transferidas do Orçamento do Estado mais estrangulou as já débeis finanças municipais.
É nestas circunstâncias que se deve enquadrar a proposta da maioria socialista da Câmara Municipal de Montijo para aumentar a tarifa mensal de recolha de resíduos sólidos, de € 3,15 para € 3,50, que outra coisa não visa que pagara a dívida à AMARSUL.
As arcas municipais estão vazias, o Povo que pague!

6.      Maria Amélia Antunes versus Passos Coelho

Confessa a presidente da Câmara Municipal de Montijo que «Ninguém mais do que eu gostaria de diminuir taxas, tarifas… mas não é possível. Ou se tem o mínimo de qualidade de vida ou somos caloteiros
Pedro Passos Coelho, Primeiro-Ministro de Portugal, confessou, também, ao referir-se ao aumento das taxas moderadoras na saúde, que: «é importante para não pôr em causa justamente a qualidade dos serviços prestados».
Por outra banda, ao referir-se à dívida pública, o Primeiro-Ministro tem sustentado que não pode haver crescimento enquanto Portugal tiver uma enorme dívida pública.
 Se estabelecermos um paralelismo entre o que defendem a presidente da Câmara Municipal de Montijo (PS) e Primeiro-Ministro (PSD) verificaremos que as diferenças, se as há, não são notórias, antes ambos os argumentos se plasmam como se fossem irmãos siameses.

7.      Da Transparência

A proposta de aumento da tarifa mensal de recolha de resíduos sólidos, de € 3,15 para € 3,50, subscrito por Maria Amélia Antunes, ronda os 11%, mais de três vezes o valor da inflacção prevista.
Contudo, não se conhecem os critérios que fundamentam tal aumento. Mas, ainda assim, podemos parafrasear a própria presidente da Câmara que, insurgindo-se contra a retenção de 5% do IMI feita pelo Governo, interroga «por que fixa o Governo 5% e não 1,2,3 ou 4%? Com que base o faz?», e perguntar-lhe, «porque fixa a presidente da Câmara Municipal de Montijo o aumento da taxa de recolha de resíduos sólidos em 11% e não em 1,2,3 ou 4%?»
Uma vez que a proposta vai ser submetida a debate público, seria bom que Maria Amélia Antunes, que diz tanto prezar a transparência e o bom governo dos impostos dos montijenses, explicasse aos munícipes, pelo menos, duas coisas:

1.      Por que deve o Município de Montijo à AMARSUL mais de meio milhão de euros?

2.      Que medidas já tomou para derreter as gorduras socialistas da Câmara Municipal de Montijo, antes de onerar o Povo com o aumento de taxas?

No Montijo, a Bem do Município, quem o contestar o aumento de taxas é Irresponsável.

Irresponsavelmente,

Ruky Luky

Um comentário:

  1. O problema da relação entre as autarquias e os munícipes é um mais profundo que o que parece. Começa por hoje os autarcas não serem naturais das terras que dirigem nem estarem a elas ligados pelo coração ou pela família e são apenas profissionais. Cobram os seus honorários, fazem o melhor que sabem ou podem (embora muitas vezes nem possam nem saibam) e obedecem não aos interesses do povo que deviam representar, mas aos partidos que representam. Para garantirem o funcionamento das instituições (muitas vezes sobrecarregadas de clientela inútil) têm de arranjar receitas, e como são inventivos estão sempre a inventar. Vejamos os impostos e taxas que foram criados nas últimas décadas. Atentem nas dívidas contraídas a longo prazo, que de juros consomem somas há tempos inimagináveis. Para pagar as as dívidas contraídas, porque têm poder para tal mesmo que seja imoral, só podem aumentar as taxas aos contribuintes, porque a clientela maioritária que tem assento nas Assembleias Municipais, aprova tudo cegamente.
    Isto não tem cura e só recomeça noutros moldes quando o balão explodir.

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