José Cabrita,
Caldeireiro
Assim moldava o cobre, José Cabrita, recorrendo a estes instrumentos |
A partir de uma dada medida, mas sem molde, com o
martelo e a bigorna, o maço e a palanca, a estaca e a «burra» (cavalete) e com
uma enorme sabedoria, foi dando forma às peças, pancada após pancada.
Alambiques, caldeiras, panelas, tachos e tantos outros objectos utilitários que depois, com o decorrer do tempo e a mudança dos usos, se transformaram em decorativos, saíram das suas mãos, para apetrechar empresas ou embelezar lares.
Aprendeu o ofício com o seu pai, no Algarve, donde partiu, há cerca de sessenta anos, para o Montijo, tantos quantos tem a sua oficina, instalada num velho armazém da Rua José Joaquim Marques [Estrada Nova].
José Cabrita nasceu em 8 de Janeiro de 1923. Apesar de ter legado os seus conhecimentos ao filho, que não trabalha na sua oficina, é o derradeiro caldeireiro de Montijo.
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Ali, já se não ouvem as pancadas cadenciadas do
martelo sobre o cobre, nem se divisam exemplos das grandes peças que um dia
moldou. A oficina é, hoje, um repositório de recordações guardadas, em
exclusivo, na sua memória, e que vai partilhando na conversa que flui lenta, ao
sabor da viagem a um passado de trabalho.
Não há, em Montijo, uma tradição deste ofício. Há
notícias, escassas de um ou outro caldeireiro que se instalou, por breve tempo,
na velha Aldeia Galega, mormente, uma família húngara.
Encerrada a oficina de José Cabrita concluir-se-á o capítulo deste ofício na história de Montijo, que, hoje, o cobre é moldado de modo industrial.
Quem tem uma peça saída daquela oficina sabe que é única. Conserve-a!
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