Em
A exposição compunha-se de «objectos e de uma grande colecção de vistas modernas». Tratava-se de um pavilhão de curiosidades.
O Convite referia-se à «Exposição Automática e
Científica da Sociedade Artística de Paris» e enfatizava que «Mr. Sousbié acaba
de receber um sortimento de peças mecânicas de um trabalho e imaginação, o mais
completo que se pode exigir, das principais cidades da Europa: é uma colecção
inteiramente desconhecida neste país, de diferentes artigos da mais alta
novidade, sem rival, e que se pode classificar – Non plus ultra da Europa. Mr.
Sousbié escolheu uma colecção de gosto(…). Por este motivo convida todos os
amadores e artistas portugueses a virem ver a linda produção dos mestres das
melhores oficinas da Europa, em que se revelam as mais sumptuosas ideias
artísticas.»
A entrada era franqueada a partir das 18H00, ao
preço 60 réis e de 40 réis para crianças e militares sem graduação, na casa da
viúva de José Bento, perto da Rua Direita. Quem visitasse a “Maravilhosa Oleóptica” podia apreciar o Domador de Serpentes, ver a Resignação de Cleópatra, ouvir Música automática (piano), admirar a Grande Valz, executada por marquês e marquesa no tempo de Luís XIV, encantar-se com a Rainha do Congo, observar a Vista à Roda do Mundo representada pela artista Sarah Bernhardt, e divertir-se com as Cenas Cómicas e Transformação de Fisionomias. A par dos objectos, a exposição patenteava também uma Grande Colecção de Vistas Modernas, retratando o Enterro de Victor Hugo, a Batalha de Toukin, Franco-Prussiana, o Princípio do Mundo até à Morte de Cristo e a Vista Geral da Exposição de Paris de 1889.
Um regalo para os olhos, um espanto para a
imaginação.
A exposição transitou, depois, pelo País.
Trabalhava-se então de sol a sol, em Aldegalega.
A vida corria rude pelos campos, pelo rio e pela vila. Ainda assim, o aldeano
não dispensava a diversão, sobretudo aos fins-de-semana, em que os bailes que
se realizavam no salão «primorosamente ornamentado de flores» da Sociedade
Filarmónica 1º de Dezembro ou do Novo Club, no armazém de José Maria
Vasconcelos ou na quinta de Francisco Justiniano Marques, eram «recheados de
infinita graça e animação com as melhores famílias da elite d’esta vila».
No Largo da Caldeira [actual Praça Gomes
Freire de Andrade], as barracas de espectáculos ali instaladas aguardavam também por uma
visita dos aldeanos.
Ruky Luky
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