sábado, 26 de janeiro de 2013

O Genro

Quando, há dezasseis anos, Nuno Canto apareceu colocado no quarto lugar da lista do Partido Socialista, que concorria à Câmara Municipal de Montijo, com probabilidades de ser eleito, não deixou de causar algum mal-estar entre os velhos militantes socialistas e surpresa entre quem vinha acompanhando a vida política local.

Nuno Canta era um perfeito desconhecido: não se lhe conhecia qualquer militância política ou cívica, ignorava-se o seu currículo profissional e não se tinha registado qualquer acto que o tivesse catapultado para a ribalta política. O golpe de asa foi ser genro do todo-poderoso presidente da comissão política concelhia, senhor José Bastos, e dele ter recebido o necessário beneplácito.

Quando, poucos anos depois de ser eleito, Honorina Silvestre, então vereadora, foi alvo de uma insidiosa campanha política movida pelo presidente da comissão concelhia socialista mancomunado com a presidente da câmara, escrevi que o que se pretendia era afastar aquela dinâmica edil para que se abrisse a via ascensional do genro do senhor José Bastos, de modo a substituir, no futuro, a presidente da câmara.

Que não, que era mentira, que nada mais se passava do que intriga política. Como o tempo e a paciência são grandes mestres, o que ontem era intriga política, hoje estampa-se com transparente realidade.

Durante dezasseis anos, Nuno Canta foi uma apagada figura do elenco municipal. Não se lhe conhece um rasgo de intervenção política, uma ideia para o desenvolvimento do concelho, uma praxis política mobilizadora que lhe possa servir de flâmula na campanha eleitoral.

Nuno Canta apresenta-se como candidato do Partido Socialista à eleição para a Câmara Municipal de Montijo.

No seu novo papel, lançou a plataforma “Montijo Tem Voz”, que pretende ser um fórum de discussão e recolha de ideias.

Sim, de facto, se Montijo [ainda] tem voz é por que resistiu ao longo consulado de prepotência do Partido Socialista, de que Nuno Canta é parte integrante.

Com a cumplicidade de Nuno Canta, Montijo perdeu a voz da Nova Gazeta; com o silêncio de Nuno Canta, Montijo perdeu a voz nas celebrações do 25 de Abril; com o apoio de Nuno Canta o diálogo com os actores municipais transformou-se, quando existiu, em momento de conflitualidade.

Quem pretende agora Nuno Canta iludir quando diz que quer ouvir os montijenses? Teve dezasseis anos para o fazer, mas desprezou a voz e o sentir dos montijenses.

Montijo tem voz, sim, mas uma voz que se não confunde com a “voz do dono”.

Saído debaixo das saias de Maria Amélia Antunes, mas ainda agarrado às calças do sogro, o candidato do Partido Socialista passa a ser o rosto da incompetente política socialista que conduziu o Montijo ao estado comatoso em que se encontra. Será o fiel continuador da obra do Partido Socialista/Maria Amélia Antunes, que transformou a cidade de Montijo num dormitório, sem alma, sem chama, sem glória, pobre cidade amordaçada, lançada numa «apagada e vil tristeza».

A Nuno Canta pede-se, nesta hora solene em que apresenta a sua candidatura à Câmara Municipal de Montijo, que esclareça, sem tergiversar, uma só coisa: se arremessou ou não um jarro de vidro a um deputado municipal, em plena Assembleia Municipal. É que o povo precisa de saber em quem poderá confiar, mesmo antes da decisão judicial.

Ruky Luky

2 comentários:

  1. Se para uns "só os burros falam de árbitros" aqui pode dizer-se "só os burros acreditam em tanta mentira ditga pela plebe socialista", mesmo depois do genro ter assumido às rádios que tinha atirado o jarro. Também é curioso ler as atas da assembleia municipal e da camara. O testa de ferro da amélia até diz que não foi atirado jarro nenhum. Só é cego quem não quer ver, mas este testa viu e viu mais viu a aportunidade de entrar para os quadros da camara, sem qualquer curriculo e com o compadrio dos mesmos de sempre.

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