O Orçamento do Município de Montijo, para 2012, apresenta-se com a missão de «ser o motor (…) da coesão social e territorial»; com a visão de ver reconhecida a Câmara Municipal de Montijo (maioria absoluta PS) «pela sua capacidade de transformar os sonhos em realidade»; e assente numa série de valores (ou princípios?) entre os quais destacamos o da integridade, segundo o qual o «Município de Montijo exige de si próprio (…) os mais elevados padrões de ética (…) combatendo todas as formas de corrupção».
No âmbito das transferências de capital para as freguesias do município a Câmara Municipal de Montijo propõe-se remeter as seguintes verbas:
Afonsoeiro…………………………………… € 42.000.00
Alto Estanqueiro/Jardia……………….. € 45.000.00
Atalaia…………………………………….....€102.000.00
Canha…………………………………………… €25.000.00
Montijo…………………………………………. €35.000.00
Pegões………………………………….........€145.000.00
Santo Isidro de Pegões…………………€100.000.00
Sarilhos Grandes………………………€ 0.00 (ZERO).
A maioria das freguesias referidas são governadas por executivos socialistas. Já Pegões, onde o PS não concorreu, é liderada por um executivo independente, mas que recebeu o beneplácito da presidente da comissão política concelhia de Montijo do PS e o forte apoio da presidente da câmara, e Sarilhos Grandes é dirigida por uma junta de freguesia comunista.
Depois da leitura das verbas acima publicadas não se alcança(m) o(s) fundamento(s) que suportam a transferência de € 102.000.00 para a diminuta freguesia de Atalaia e que, por outro lado, justifiquem que sejam remetidos € 25.000.00 para a freguesia de Canha, situada acerca de 40 Kms da sede do município, a maior do município e cuja área tem um forte impacto positivo na transferência das verbas do Orçamento do Estado para o Município.
Sarilhos Grandes é a única freguesia que não será beneficiada com a transferência de verbas, uma vez que a dotação para aquela freguesia é de zero.
Sarilhos Grandes vota, usualmente, no PCP, e bom seria que, por causa disso, nada de mal viesse ao mundo sarilhense/montijense.
Não há notícias de que os fregueses de Sarilhos Grandes sejam discriminados pela sua Junta de Freguesia por causa da sua cor política. Pelo contrário, Sarilhos Grandes apresenta-se como uma sociedade harmoniosa. Ali vivem cidadãos iguais aos de qualquer outra freguesia do município e que também pagam os seus impostos e têm o direito de ver os seus sonhos transformados em realidade.
A discriminação de que é alvo a freguesia de Sarilhos Grandes, que prejudica, sobretudo, os interesses da sua população, independentemente das razões que a possam fundamentar, não põe em causa a coesão social e territorial? E não fere também os mais elevados padrões éticos a que o Município de Montijo diz exigir a si próprio?
E a violação de uma norma ética não será sempre uma forma de corrupção?
E isto não é uma vergonha, Montijenses?
Ruky Luky
Esta é a cultura do miserável compadrio que se instalou na política portuguesa. É vergonhosa, mas os que nela se movimentam, estão insensíveis e pouco os afecta os reparos que lhes sejam feitos. O mal é que está generalizada e só é posta em relevo pelos que na altura ou no lugar não têm poder. É extensiva a todos os poderes, nacionais ou locais, e a todos os partidos. Infelizmente, a situação não de divide entre santos e pecadores, porque não há santos. Como a lepra, este comportamento, salvo raras excepções, estende-se em todos os sectores da vida portuguesa.
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