O ancoradouro para que serve e a quem serve?
O Partido Socialista de Montijo prometeu, logo que subiu ao poder municipal, em 1998, transformar o Montijo em “Cascais do Século XXI”.
Hoje, ao dar um passeio pelo Vale das Promessas encontrei, ao passar junto ao rio, a promessa da construção de um Repuxo de 30 metros, numa zona que continua plena de lodo.
Ali, junto ao rio, encontrei um ancoradouro, que deverá rivalizar com a marina de Cascais, mas que se não sabe a quem serve – e para que serve. E ali também vi a ser levada pelas águas lodosas do rio a mirabolante recuperação da zona ribeirinha, sorvedouro das finanças municipais.
Mais adiante, encontrei a promessa de um Novo Parque de Exposições, quando o actual, com enormes potencialidades, agoniza.
Dirigindo-me para os arredores cruzei-me com a promessa de uma Frota de 10 ou 15 Autocarros para fazerem a ligação aos barcos que, foi também prometido, passariam a chegar ao Montijo/Seixalinho de 15 em 15 minutos.
Para fazer face a tanto movimento, também encontrei a promessa de um Metro de Superfície a ligar o Seixalinho ao centro da cidade, e tudo isto sem que os futuros utentes tivessem de pagar mais, pelo contrário encontrei também a promessa que o custo da viagem, incluindo já a ligação ao Seixalinho, seria mais barato 3%.
No Vale das Promessas encontrei tanta coisa bonita que me quedarei por agora, para não enfadar os leitores, só por mais duas ou três.
Também lá está a construção de uma Nova Biblioteca. Ao olhar para o modo como funciona a actual, sem luz apropriada, que dificulta a leitura, sem condições climatéricas, é um forno em pleno Verão, sem audiovisuais, a sala foi encerrada há cerca de cinco anos desconhecendo-se os motivos, sem isolamento acústico, sem novidades literárias e jornais diários, interrogo-me se, em vez desta promessa, não seria melhor dar à actual o perfil de uma real biblioteca e não de um mero depósito de livros e de sala de estudo.
E a promessa do famoso Complexo Desportivo Municipal, que seria construído atempadamente para receber o estágio de uma selecção do Campeonato Europeu de 2004, não é verdade?
Ah! e a promessa de construção de umas piscinas e, pasmem-se, de uma praia fluvial?
E lembram-se do Salão de Chá?
E as promessas de cariz político e ético? Bom, isto são contas de outro rosário, que rezarei num outro dia em que me encontre mais pachorrento.
É lindo o Vale das Promessas. Ao passear por ele vem-me à memória uma canção francesa, cujo refrão é: Paroles! Paroles! Paroles!, que se traduz por palavras, palavras, palavras(, e não como fez, certa vez, um amigo meu que traduziu convictamente por parolos, parolos, parolos, para risada geral da turma.)
Talvez por nos terem prometido o cosmopolitismo de Cascais do Século XXI nos lançaram para um subúrbio de Cascais.
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