1999
12.02 – Presidente da Câmara, Maria Amélia Antunes – «Eu não anunciei essa medida (transferência do Cais dos Vapores), trouxe à discussão pública essa ideia que consta do programa eleitoral do Partido Socialista. Simplesmente alguém de má fé entendeu que era um facto consumado, a polémica ficou instalada. A transferência do Cais dos Vapores é um projecto em que acredito firmemente porque trata-se de planear do ponto de vista dos transportes, trânsito, ambiente, utilização do rio. Trata-se de planear o futuro do Montijo. Com o crescimento e desenvolvimento que são esperados, o Cais dos Vapores não pode ficar muito tempo aqui porque se torna incomportável. Os catamarãs provocam uma erosão enorme das margens do rio. O estacionamento é caótico. O trânsito no interior da cidade é enorme com a entrada para o Cais dos Vapores, enquanto que se fosse para o Seixalinho o trânsito era exterior ao centro da cidade, evitando os engarrafamento e poluição sonora e ambiental. Permite usufruir o Cais dos Vapores e toda a zona ribeirinha, criando um porto de recreio e realização de desportos náuticos. Permite criar um interface de transportes para a cidade do Montijo e periferia, Afonsoeiro, Sarilhos, Pinhal Novo, e quem sabe, para Vendas Novas e Moita. Estamos a desenvolver os estudos. Por um lado a Transtejo fez alguns inquéritos e nós vamos equacionar a questão designadamente no plano ambiental e dos transportes. Atrevo-me a dizer que aqueles que agora sem razões de fundo são contra ainda os hei-de ver de bandeirinhas no ar a defender o Cais do Seixalinho.»
26.02 – Vereador Nuno Canta (PS) – «O Cais do Seixalinho tem a filosofia de libertar o Cais das Faluas, para ser uma zona de estacionamento livre e resolvia outra questão muito importante, que seria a mudança da estação dos transportes rodoviários. A ideia é transferir um cais fluvial para um interface rodo-fluvial. Obrigaria os TST a ter carreiras urbanas, que neste momento não existem. A ideia está ainda em estudo.»
19.03 – Presidente da Junta de Freguesia do Montijo, José Francisco dos Santos – «A mudança do Cais dos Vapores para o Seixalinho não é a mesma coisa que qualquer munícipe mudar de casa. Defendemos que uma mudança deste tipo necessita de estudos rigorosos de modo a que questões como o ambiente, economia e o problema social terão de ser muito bem analisados. O Executivo da Junta pensa que enquanto esses estudos não estiverem feitos e em seu poder, não pode dar uma opinião, porque a nosso entender isso seria contribuir para situações que seriam insensatas, antes de estarem definidos com total rigor. Sei que a Câmara tem estado a procurar ter em seu poder esses estudos e não tenho dúvidas de que quando a Junta tiver o total conhecimento desses estudos, será a primeira a discutir em sede própria a problemática da mudança do cais.»
29.03 – Inauguração da Ponte Vasco da Gama
20.04 – José Bastos – «O cais deve ir para o Seixalinho logo que estejam reunidas todas as condições para isso, ou seja, logo que os estudos técnicos se pronunciem nesse sentido. No entanto, tudo isso está condicionado à construção da circular externa apoiada pela Administração Central.»
2.07 – Nova Gazeta – «Silêncio abate-se sobre o Cais dos Vapores, que poderá ser transferido já no próximo ano. A Câmara Municipal do Montijo, a Trantejo e a Administração do Porto de Lisboa teriam chegado a um acordo, garantindo a Transtejo a ligação do barco com os autocarros, que partiriam do parque do actual cais. Interrogado sobre o assunto o vereador Nuno Canta disse nada saber remetendo a «NG» para a Divisão de Informação da Câmara que prometendo inteirar-se sobre o assunto acabou por não responder. Quanto à transferência do cais para o Seixalinho, a «NG» enviou à Câmara Muinicpal do Montijo, à Transtejo e à Administração do Porto de Lisboa ( em 8 de Junho) um fax do seguinte teor «Segundo informação que chegou à nossa Redacção foi concluído um acordo entre a Câmara Municipal do Montijo, a Transtejo e a Administração do Porto de Lisboa, que visa a transferência do Cais do Montijo para o Seixalinho. Tomamos a liberdade de solicitar a colaboração de V.Ex.ª em ordem a obtermos a confirmação ou negação da notícia.» Até ao momento do encerramento desta edição o nosso jornal não obteve resposta das entidades contactadas. O manto de opacidade lançado por entidades públicas sobre o assunto deixa prever o pior para a população e, por outro lado, que nenhuma delas está a cumprir uma das regras basilares da democracia: a transparência.»
9.07 – Ex-Presidente da Câmara, Jacinta Ricardo – «Porque é que o parque de estacionamento que estava aprovado com pareceres até do Ministério do Ambiente e para começar a ser executado em Janeiro de 1998 pela Transtejo, para colocar 400 carros do lado direito do cais, porque é que não foi feito? O PS vai pelo caminho pior que é tirar o Cais dos Vapores às pessoas, que durante décadas (ali) encontraram o barco e muitas vezes vêm a pé, terão que levar o carro para o Seixalinho. Porque é que o PS quer valorizar a zona do Seixalinho? Não sei. Mas por alguma razão objectiva será. Não é, de certeza, para melhorar as condições de vida das pessoas que se servem do barco, porque as pessoas que se servem do barco vão levar, com certeza, 15, 20 ou 30 minutos para chegarem ao Seixalinho. A população do Montijo vai ser altamente prejudicada. E mais, no dia em que os barcos saírem daqui e que a draga não vier dragar o rio, a partir daí isto será um local cheio de lama, que possivelmente terá de ser aterrado. Vai-se matar este braço do rio. Portanto, quando tanto se fala em ambiente e depois há esta política de interesses, porque tem de haver aqui interesses que não estão explicados, que ninguém conhece, mas tem de haver... para se estar a prejudicar a população. Porque agora é tudo muito bonito e a Transtejo agora até é capaz de dizer que o preço do bilhete está incluído o do autocarro, mas é por quanto tempo, um mês, dois meses, e a seguir?»
16.07 – Vice-Presidenete da Comissão Política Concelhia do CDS/PP, Alfredo Rodrigues - «O PP, que é frontalmente contra a mudança do cais, desafia a oposição e os membros do PS nos órgãos autárquicos a fazerem aprovar o pedido de um referendo local para a mudança do cais. É um desafio formal para saber quem está contra e a favor da mudança do cais.»
Presidente da Câmara, Maria Amélia Antunes – «O Cais dos Vapores não serve só o concelho do Montijo mas também Alcochete, Pinhal Novo e Vendas Novas pelo que é redutor colocar a questão em termos locais. (O referendo) poderá ter efeitos perversos.»
Vereador João Henriques (CDU) – «A realização de um referendo só em último recurso, porque há outras soluções como a movimentação dos próprios utentes, das pessoas ligadas por raízes históricas ao rio e mesmo de algumas pessoas do PS.»
23.07 – Ex-Presidente da Câmara, Primo Jaleco – «Não mudava o Cais dos Vapores para o Cais do Seixalinho. Não me parece que esta mudança corresponda à vontade colectiva dos habitantes da cidade. Isso obrigaria a mais uma deslocação, a mais um transporte e a maior perda de tempo. Digo-lhes mais, não interessa às pessoas da cidade e pouco interessa aos utilizadores de fora. E até no campo turístico, penso que os visitantes vindos de Lisboa se desembarcassem no Cais do Seixalinho, ficariam surpreendidos negativamente ao terem de tomar outro transporte para se deslocarem ao centro da cidade. Cais do Seixalinho, sim, mas para outras actividades, como seja o movimento de mercadorias para servir o Porto de Lisboa e a Zona Sul.»
6.08 – Aurora Duarte – «A Dra. Maria Amélia Antunes e o Executivo Autárquico que dirige, «fecha-se em copas», invocando estudos que estariam a ser executados sobre esta matéria para - «de uma maneira séria e ponderada» mostrar aos montijenses que a transferência da estação Fluvial para o Cais do Seixalinho só traria benefícios aos seus utilizadores, ao meio ambiente, ao comércio local, etc. Se analisarmos os esclarecimentos dados pelos Responsáveis Autárquicos do Partido Socialista em Montijo sobre este assunto, tudo esprimidinho, fica-se com uma «mão cheia de nada.». (Mas) eis que surge um dado novo: um mapa – é um trabalho da Gráfica da Câmara Municipal do Montijo, e distribuído pela população. Pois é, pasme-se! Lá está, bem clara, a localização da Estação Fluvial... onde? Pois onde havia de ser!... No Cais do Seixalinho, claro!»
1.09 – Presidente da Câmara, Maria Amélia Antunes – «A prevista transferência do «cais dos vapores» para a zona do Seixalinho, tem também a ver com uma visão de desenvolvimento estratégico do Montijo. Há questões que são opções imediatas e existem outras que são mais para o futuro. Só fará sentido essa transferência, quando a zona ribeirinha estiver recuperada e a actual zona do cais tiver um projecto de revivificação e de uma relação diferente das pessoas com o rio. Além disso, é preciso incentivar as pessoas a andar nos transportes colectivos, pois há muito o hábito de usar o carro para tudo, o que, depois, dificulta a circulação dentro da cidade. Antes disso, porém, é preciso diagnosticar as situações e só depois dialogar com as empresas de transportes. A articulação entre os diferentes transportes não é fácil, dado o facto das empresas transportadoras serem concorrentes.»
3.09 – Vice-Presidente da Comissão Política Concelhia do Montijo do PSD, Carlos Fradique – «A Câmara Municipal e o Partido Socialista vão a reboque dos interesses da Transtejo. Parece mentira, mas é verdade, infelizmente para os montijenses, a Câmara Municipal vai atrás dos interesses comerciais desta empresa, quando deveria ser o contrário. Numa reunião entre a administração da Transtejo e os representantes do PSD do Montijo fomos informados de que interessava à empresa sair do Cais dos Vapores e ir para o Cais do Seixalinho a fim de poder, segundo eles, ter mais clientes. O que nos parece abominável é que a Câmara Municipal e o Partido Socialista vendam os interesses dos montijenses por “30 moedas” como Judas, ou por qualquer outro preço.»
17.09 - Presidente da Comissão Política Concelhia do CDS/PP, Manuel Almeida- « Que socialista escaldado de referendo tem medo, já eu sabia. Agora que a voz que apregoa por todo o lado que são os maiores defensores da vontade popular verem um referendo como último recurso é que julgamos não ser muito correcto ou pelo menos uma novidade. Se falamos num referendo (sobre a transferência do cais) é porque julgamos estar a dar aos montijenses a oportunidade de não consentirem um dos maiores erros para esta cidade. Ao contribuirmos para a (realização) do referendo estamos a contribuir para que só haja um vencedor, a população do Montijo. Ao não o realizar perderemos todos nós ao não evitar tamanho erro. Se não tivermos razão será o povo do Montijo a decidir e se com isto conseguirmos uma discussão leal que contribua para a escolha do melhor caminho ficamos igualmente satisfeitos.»
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