Lá vem o barco para o Cais dos Vapores... Era um tempo de cidade viva!
2001
5.01 – Nova Gazeta – «As obras de construção do Cais do Seixalinho iniciar-se-ão ainda no corrente mês, devendo estar concluídas no final do ano, segundo garantiram os Serviços da Transtejo à «Nova Gazeta». Segundo a Transtejo, nessa altura, as carreiras para Lisboa partirão do novo cais e o Cais dos Vapores será desactivado. A decisão da Transtejo contraria a posição tomada pela Presidente da Câmara e pelo Partido Socialista segundo a qual o Cais do Seixalinho só seria activado depois de terem sido construídas algumas infra-estruturas de apoio. Na realidade, ainda não se conhecem os estudos que fundamentem a opção pelo Sexalinho em detrimento do cais dos Vapores.»
12.01 – Os líderes dos Partidos da oposição (PCP,CDS/PP,PSD e BE) manifestam-se, em entrevista, contra a mudança do cais para o Seixalinho, ao contrário do PS, que a defende visto «tratar-se de um cais de grande futuro para servir os concelhos de Montijo, Alcochete, Palmela, Moita, Vendas Novas, Montemor-o-Novo e todo o sul do país.» Os socialistas afirmam ainda que «quanto ao serviço de transportes rodoviários para a cidade, ninguém de boa-fé vai pensar que eles não vão ser assegurados num projecto desta grandeza.»
Nova Gazeta – «Um grupo de cidadãos tem procedido a contactos com as forças vivas e os partidos em ordem a ser constituída uma plataforma para salvaguarda da Cais dos Vapores, uma vez que a população rejeita a mudança do cais de atracação para o Seixalinho. O grupo de cidadãos pretende assim criar um forte movimento cívico, que demova a s autoridades a mudarem o cais, uma vez que, até hoje, não foram avançadas quaisquer razões convincentes para que se encerre o actual cais.»
31.01 – A Câmara Municipal aprova o Plano Estratégico da Cidade do Montijo que prevê a construção do Terminal Rodo-Fluvial do Cais do Seixalinho e a criação de um Sistema de Transporte Rápido (Eléctrico) entre o Cais do Seixalinho e o Centro da Cidade.
2.02 – Rui Aleixo – «A Assembleia de Freguesia do Montijo disse Não! à mudança do cais para o Seixalinho. À praça pública veio a CDU dizer não! À mudança do cais para o Seixalinho. E também o PSD manifestou-se no mesmo sentido. E o Bloco de Esquerda, E o CDS/PP. E vários munícipes engrossaram a voz da Assembleia de Freguesia do Montijo para dizerem Não! À mudança do Cais para o Seixalinho. Entre eles alguns socialistas. O Senhor José Bastos disse sim! À mudança do Cais para o Seixalinho. A Câmara Municipal do Montijo e a Assembleia Municipal omitiram qualquer posição num assunto de tamanha importância para as populações, num comportamento que se não sabe se traduzir como fraqueza política ou estratégia política. A mudança do Cais para o Seixalinho ou a sua manutenção no local histórico depende só de nós. É altura de nos organizarmos para dizermos fortes e uníssonos de vez: Basta!»
Barco que antecedeu a era pré-catamaran
9.02 – José Bastos – «Este projecto (Cais do Seixalinho), que andará à volta de um milhão de contos, irá contemplar um parque de estacionamento de 1500 lugares, com possibilidade de duplicação, ou seja, poderá ficar com a capacidade para 3000 lugares. Terá ainda um Centro Comercial com sete lojas e um restaurante panorâmico no 1º andar, situado no espaço que fica a poente e a sul do actual aterro. Temos insistido junto ao governo para que comparticipe na construção da circular externa, que viria da Rotunda do IC 13 (em vez de vir pela estrada da Atalaia), atravessaria a estrada de Alcochete e de Samouco, até à zona dos arames da Base Aérea nº 6, descendo daí até ao Seixalinho, e temos a promessa de Jorge Coelho que a circular externa será comparticipada. Não vai aumentar nada! Os utentes vão pagar exactamente o mesmo que pagavam ao deslocarem-se para o Cais dos Vapores. Vai é aumentar o número de carreiras fluviais assim como irá existir transportes colectivos até mais tarde.»
16.02 – Constituição da Plataforma Cívica de Defesa do Cais dos Vapores, no Restaurante «Estrela do Norte» por um grupo de cidadãos pada definir e prosseguir uma estratégia de defesa do cais dos vapores. A Plataforma Cívica apresentou-se como um movimento aberto a todos os cidadãos, sem estrutura orgânica própria, nem dirigentes ou porta-vozes, participando, em cada momento, os cidadãos que assim quisessem, em igualdade de circunstâncias. Embora se tivesse mantido um grupo coeso, que implementou as directivas traçadas em cada reunião, a Plataforma Cívica recebeu, de facto, a colaboração de uma multiplicidade de cidadãos ao longo da sua actividade, colaborando uns por umas horas, outros por dias, outros quase sempre. As decisões eram tomadas por unanimidade e as reuniões realizaram-se na sede da Associação dos Comerciantes, que desde a primeira hora a apoiou. A Plataforma Cívica pretendeu lançar um debate de ideias em torno da defesa do Cais dos Vapores, restringindo a sua acção exclusivamente à sua defesa. O que uniu os membros da Plataforma Cívica foi a convicção que a opção Seixalinho era apressada e pouco transparente e não acautelava os interesses da população do Montijo.
Presidente da Câmara, Maria Amélia Antunes - « (A construção do Cais do Seixalinho será) Em síntese, uma intervenção geral na mesma linha do Parque das Nações, tal como sempre defendemos. Desenganem-se aqueles que apostaram que a transferência implicará o esquecimento do Cais dos Vapores. Iremos recuperar a faixa ribeirinha em moldes inovadores que passará pela construção de uma marina ou espelho de água, com apoio de diversas actividades náuticas, sede de clubes, prevendo-se ainda a instalação de restaurantes e actividades terciárias sem esquecer a recuperação da zona histórica.»
Presidente da Câmara, Maria Amélia Antunes – Informa que tem estado em contacto com os Transportes Sul do Tejo (TST), e que tudo indica, em Junho ou Julho, já existirão mini-bus a funcionar à experiência no seio da cidade. O primeiro troço da circular (entre a Estrada Nacional nº4, a Rotunda S.Sebastião e o Estabelecimento Prisional do Montijo) está pronto a ser executado e que uma empresa sediada no Seixalinho irá recuperar a estrada de acesso à área.
Jornal do Montijo – «Apesar da presidente garantir que não conhece ainda o projecto, revelou na sessão pública (reunião a câmara) alguns pormenores como uma área coberta para a tomada e largada de passageiro, uma praça de táxis, estacionamento para 1400 viaturas, uma estação e oficina para abastecimento de veículos, uma zona de serviços dotada de snack-bar e restaurante.»
Vereadores da CDU – Apresentam na reunião da Câmara Municipal, antes da ordem do dia, um documento do Ministério do Equipamento Social, intitulado “Perspectivas de Evolução dos Transportes, onde se coloca a hipótese de opção, ou pelo Cais dos Vapores ou do Seixalinho, concluindo que «ponderadas as diversas variáveis, caberá ao município a decisão sobre a localização definitiva do terminal.» A Presidente da Câmara garantiu que apenas lhe cabe concordar ou não, pois a decisão pertence à Transtejo.
Luís Luizi – «Confesso que sempre achei estranho que uma cidade moderna prescindisse de uma alternativa de acessibilidade como a travessia fluvial, mas ainda achei mais estranho que alguém, da própria cidade, aplaudisse essa menos valia. Só depois percebi que, neste edifício democrático em que vivemos, há luz e sombra; há quem manda sem ser votado para tal, e há quem, sob o manto diáfano da maioria, se veja obrigado a obedecer, em assuntos que lhe foram escamoteados, quando do voto. Certamente o bom senso imperará, e o Montijo não irá fazer uma figura triste e perder uma alternativa de transporte colectivo, uma vez que , nas modernas cidades, se considera importante criar escolhas múltiplas de transporte.»
Desembarque no Cais dos Vapores
Rui Jorge Aleixo – «Há uns anos atrás, na sua tomada de posse como Presidente dos Estados Unidos da América, o Presidente George Bush (o pai) prometeu que não aumentaria os impostos, pronunciando uma frase célebre que traduzida dá: «leiam os meus lábios, eu não aumentarei os impostos!». Uns tempos mais tarde o mesmo presidente foi obrigado a subir os impostos. O Sr José Bastos, que não é membro nem dos conselhos de administração das empresas que controlam os barcos e os autocarros, que não ocupa nenhum lugar de relevo na estrutura do poder, local ou nacional, porque não está eleito para tal, vem agora prometer o que não pode prometer, e muito menos cumprir.»
Rui Aleixo – «Sem o barco o Cais dos Vapores morrerá. O Montijo e as suas gentes estão perante um grave dilema: conservar ou não o Cais dos Vapores como ponto de partida do barco ou permitir a sua deslocalização para o Seixalinho. Hoje, as raras pessoas, levadas quiçá por interesses particulares em detrimento dos interesses da comunidade, que defendem a opção Seixalinho oferecem promessas fantasiosas de um futuro ridente a belo prazer, com obras cujo valor ascenderá a milhões de contos, feitas de um dia para o outro. Pura fantasia. Depois do cais transferido todas as promessas cairão ou serão concretizadas a longo prazo. Eu digo Sim! Ao Cais dos Vapores. Porque sei que se o barco sair dali toda esta zona morrerá e porque tenho a convicção que o barco nada prejudica, pelo contrário. Mas, não basta dizer Sim! Ao Cais dos Vapores. A hora é de acção.»
20.02 – A Deputada da Assembleia da República Lucília Ferra (PSD), apresenta na Assembleia da República um requerimento onde interroga o Governo sobre os propósitos e fundamentos de avançar com a transferência do cais para o Seixalinho.
21.02 – Apresentação pública do novo Terminal Rodo-Fluvial do Seixalinho, com a presença do Ministro do Equipamento Social, Jorge Coelho, que se fez acompanhar pelos Secretários de Estado Adjunto e das Obras Públicas e da Administração Marítima e Portuária. É anunciado que a obra custará 950 mil contos, estará concluída em Novembro e que o tempo de percurso Montijo/Lisboa passará a ser de 20 minutos.
É assinado um protocolo entre o Instituto das Estradas de Portugal e a Câmara Municipal do Montijo para a construção da circular externa de acesso ao novo cais. É afirmado que o primeiro troço da circular estará pronto, em Novembro, por altura da inauguração do cais. A Comunicação Social dá relevo à contestação feita na altura da apresentação do projecto pela Plataforma Cívica de Defesa do Cais dos Vapores, que discorda da transferência do cais, e aproveitou a cerimónia para entregar ao Ministro o seu Manifesto «A Quem Interessa O Cais do Seixalinho». A Presidente da Câmara, Maria Amélia Antunes, garante que a circular externa estará pronta em 2004 e considera “um disparate” as preocupações da Plataforma Cívica quanto a eventuais interesses urbanísticos para aquela zona, e declarou em resposta à contestação da Plataforma Cívica que «É precisa ter presente que os ventos da história apesar de alguns ainda não se darem conta – derrubaram muitos muros e fizeram com que muita coisa deixasse de ser tabu e passasse a ser concretizável. (...) Aproveitando o posicionamento do Montijo em relação a Lisboa vamos promovê-lo como centro de serviços da área oriental da Península de Setúbal.» O Presidente do Conselho de Administração da Transtejo, Armindo Bento, declara que haverá uma redução no custo dos títulos de transporte combinado (fluvial rodoviário) na ordem dos três por cento.»23.02 – Plataforma Cívica de Defesa do Cais dos Vapores entrega o seu Manifesto ao Presidente da Assembleia Municipal e solicita-lhe que seja «um elemento incentivador do debate e do esclarecimento».
Plataforma Cívica de Defesa do Cais dos Vapores - «Rejeitando a Srª Presidente da Câmara autoria do projecto e da decisão, e atirando a Transtejo a responsabilidade para a Câmara Municipal, que nada decidiu, o Cais do Seixalinho surgirá não como um filho bastardo, mas como resultado de pura cobardia política. A forma como tem sido conduzido o processo levanta a suspeição de saber quem são os beneficiados com a deslocalização do Cais para o Seixalinho. A cerimónia que se realizou no dia 21 tem a sua origem num equívoco criado pela Sra. Presidente, pela falta de transparência do processo de decisão e ausência da participação da população do Montijo.»
28.02 – “O Setubalense” – «Francisco dos Santos, presidente da Junta de Freguesia do Montijo, defendeu publicamente a transferência das carreiras fluviais para o Seixalinho. O autarca disse que actualmente tem garantias de que estão criadas as condições para a mudança e de que os problemas que eventualmente possam surgir serão resolvidos. Daí que, abandonando uma postura de neutralidade, o presidente da Junta tenha concluído que «sou a favor, neste momento, da transferência do cais para o Seixalinho».
A Presidente da Câmara, Maria Amélia Antunes apresentou, na reunião da Câmara, um documento intitulado «Seixalinho: As Razões de Uma Opção».
Deputado Municipal João Veiga (CDU) – « (O documento apresentado pela Presidente) É suficiente para fazer uma tese sobra a venda da banha da cobra, por não haver impactos negativos, em relação à transferência das carreiras fluviais para a periferia.»
O Cais dos Vapores dava vida à cidade
Deputado Municipal José Evangelista (PS) – «O grupo do Partido Socialista da Assembleia Municipal congratula-se com o início da concretização deste projecto que qualificará o concelho e a cidade do Montijo, reforçando a sua importância estratégica na Península de Setúbal.»
2.03 – Deputada da Assembleia da República Lucília Ferra (PSD) – «Por mais que me esforce não me recordo de ter sido apresentado à população qualquer projecto(de mudança do cais).É pois com estranheza que vejo o Sr. José Bastos a anunciar o «Projecto do Cais do Seixalinho», desconhecido de todos nós e pior, a avaliar pelo conteúdo das declarações prestadas, a avançar nos próximos meses sem qualquer discussão pública. É o autoritarismo obscurantista na sua expressão máxima. Mas o que mais me confrange e repugna é que matérias deste teor venham para a praça pública pela voz de alguém que não tem qualquer autoridade para o efeito. Os eleitores escolheram a Drª Maria Amélia Antunes para Presidente da Autarquia, mas afinal quem manda e governa, quem põe e dispõe do destino dos Montijenses é o Sr. José Bastos. Enquanto ele apresenta«o maior projecto de estações fluviais da Transtejo e do País», ela disserta candidamente sobre a história do sobreiro. Enquanto ele anuncia a cumplicidade do Governo para o projecto, ela exerce funções meramente formais sem qualquer poder de influência ou decisão.»
Mário Pinto – «(A mudança do Cais dos Vapores é um) Assalto à razão e ao coração. Este Cais Fluvial é sem dúvida um dos elementos históricos marcantes dos costumes Montijenses. Erro urbanístico semelhante já foi cometido há décadas noutros países com arrependimentos e que hoje ninguém quer repetir. Pelo contrário, tenta-se até salvaguardar e até recriar o clima fluvial das fainas dos velhos rios que eram estradas de ligação que ligavam os concelhos vizinhos às cidades e capitais por onde, no passado, transitavam as mercadorias e pessoas fazendo crescer a economia de cada região. Há um assalto à razão e ao coração porque hoje, graças ao avanço da ciência e da técnica, o Homem tem a responsabilidade de transformar e moldar a natureza de modo ordenado e equilibrado às condições naturais.»
9.03 – José Bastos – «O que faz correr a plataforma cívica? O projecto (transferência do cais) é de interesse regional e local, beneficia o centro histórico da Cidade do Montijo diminuindo a circulação de veículos, melhorando a qualidade do ar que se tornaria insuportável se o Cais Fluvial continuasse junto à cidade. Perante uma situação tão evidente como esta o que faz correr a Plataforma Cívica? A estratégia da plataforma, dos senhores Rui Aleixo, Carrera e Caetano, vai contra a corrente do que se passa no mundo moderno, isto é, em todos os lugares do mundo se procura retirar o trânsito automóvel dos centros históricos, por causa da poluição e para ceder um maior espaço aos peões que viram os seus lugares invadidos pelos automóveis.»
Nova Gazeta – «A Plataforma Cívica de Defesa do cais dos Vapores decidiu, na sua última reunião, recorrer às instâncias europeias para pedir a avaliação do projecto de construção do Cais do Seixalinho. Segundo a Plataforma Cívica, entre outras questões a suscitar, estão as que se prendem com os estudos do impacto ambiental, que se desconhecem, e com a falta da participação da população na escolha do local do cais. Aquele movimento cívico considera que se está face a uma campanha conjunta da Câmara Municipal do Montijo e da Transtejo para convencerem a população que o Cais do Seixalinho é uma obra irreversível.»
16.03 – Aurora Duarte – «Com efeito nunca o assunto (transferência do cais) foi posto para aprovação em sessão de Câmara... como aliás foi reconhecido pela Presidente Maria Amélia Antunes que, perante a denúncia de tal comportamento feito pela CDU na reunião de 28.02.01, respondeu com estas palavras que ficarão na história do anedotário antidemocrático montijense «não seria honesto trazer a proposta do Seixalinho(à aprovação em sessão de Câmara) sabendo à partida que iríamos ganhar!» E que não venham milhares de utentes dos transportes fluviais apresentar a sua opinião, nem se criem movimentos ou escrevam artigos sobre o assunto porque, do alto da sua cadeira do poder que lhe foi dado pelos mecanismos democráticos, a Presidente da Câmara do Montijo de todos eles faz tábua rasa com o argumento apresentado na sessão de Câmara, em 28.02.01, de que «não foram eleitos»! Perante atitudes e afirmações deste teor se dúvidas houvesse sobre a transparência e verdade de todo o processo relativo ao Cais dos Vapores, penso que estão agora definitivamente esclarecidas.»
Luís Luizi – «Há mudanças e mudanças...A mudança gravíssima que vai marcar a vida colectiva desta terra por muitos anos, tem a ver com a eventual morte do Cais do Montijo pelo modo como os montijenses têm sido tratados, relativamente à problemática do Cais. Em democracia há procedimentos e processos que não são sequer de pensar, quanto mais de praticar. O Cais dos Vapores levanta problemas que este executivo nunca tentou minorar, mas que têm solução. O que nunca mais poderá ser resolvido nem esquecido, é a «vergonha» (do ponto de vista da democracia e da participação cívica) traduzida no modo como a população foi tratada em todo este processo.”
Rui Aleixo – «O anúncio da constituição da Plataforma Cívica causou, nas hostes dos dirigentes do Partido Socialista do Montijo, uma profunda preocupação e desconfiança. Pois bem, face a um conjunto de ideias (apresentadas pela Plataforma Cívica) o que fez o Partido Socialista, quer através dos seus altos dirigentes locais, quer através das suas «correias de transmissão»? Discutiu-as? Não! Criticou-as? Também não! O grito que se ouviu das hostes socialistas foi: «Quem são? Quantos são?». O que importa saber quem são e quantos são? O que a Plataforma Cívica está a fazer é questionar se se esgotaram todas as potencialidades de utilização do Cais dos Vapores e, por outro lado, denunciar o modo pouco transparente e falho de democraticidade que está a envolver a eventual transferência do Cais para o Seixalinho.»
Filipe Carrera – «Sabe porque saí de Lisboa, Sr. José Bastos? Porque em Lisboa houve alguns José Bastos, que consideraram que aqueles que defendiam o desenvolvimento integrado eram os tais “Velhos do Restelo”. Era preciso construir prédios, mais prédios e mais prédios, para tornarmo-nos modernos, mas sem alma. A sua visão de modernidade assemelha-se mais a Almada, Barreiro, Cacém ou Odivelas, a sua obsessão é um crescimento de prédios. Se eu fosse psicólogo diria que o Sr. José Bastos é um “pato bravo” frustrado. A minha visão de modernidade tem um princípio básico associado, a qualidade de vida dos cidadãos, o seu princípio básico é o betão.»
20.03 – Plataforma Cívica dá entrevista à SIC, no Cais dos Vapores
21.03 Presidente da Associação dos Comerciantes (Montijo), António Caetano – «Na actualidade de Maria Amélia Antunes, o povo aponta o dedo ao Sr. José Bastos, como figura que controla e impõe através da Câmara a sua vontade ao povo do Montijo. Verdade ou não, assim fala o povo!? Nós não somos tão radicais, mas constatamos incrédulos o peso excessivo da influência desta figura na «prática» da Câmara Municipal. À falta de argumentos e de factos concretos, o Sr. José Bastos usando métodos esquecidos no tempo dos caciques locais usa a falta de rigor, a inverdade dos argumentos que apresenta, e uma fútil tentativa de descrédito do presidente desta casa, redutora do seu cargo, tentando conotá-lo com a «oposição não partidária». (A transferência do Cais) agravará o comércio existente, já de si prejudicado pela Câmara Municipal. Fala o Sr. José Bastos na falta de representatividade desta comissão (Plataforma Cívica).Mas nós interrogamos, quem elegeu o Sr. José Bastos para falar em nome dos montijenses?»
22.03 – O Deputado da Assembleia da República, Luís Fazenda (B.E.) requer ao governo esclarecimentos sobre que infra-estruturas de acesso ao novo cais estão previstas, se o estacionamento junto ao novo cais será pago e que obras de conservação e manutenção do Cais dos Vapores estão previstas, uma vez que a sua desactivação como cais de embarque da Transtejo pode significar o seu abandono ou assoreamento do rio e que estudos de impacte ambiental foram produzidos na elaboração do novo cais e quais os resultados.
23.03 – Presidente da Câmara Municipal do Montijo, Maria Amélia Antunes – «Um bom projecto dispensa muitas palavras. A transferência do Cais dos Vapores para o Seixalinho permitirá títulos de transportes mais baratos; novos e melhores transportes públicos; a construção de um porto de recreio.»
Plataforma Cívica realiza sessão de trabalho com o eurodeputado do PSD, Jorge Moreira da Silva, que tinha questionado a Comissão Europeia sobre se fora atribuído algum subsídio comunitário para a construção do Cais do Seixalinho, que tipo de avaliação ambiental tinha sido feito, uma vez que o Cais do Seixalinho está localizado na zona de um importante ecossistema de aves e de espécies aquáticas e se o projecto respeitava a Directiva Aves e a Directiva Habitat.
Rui Aleixo – «O Partido Socialista é, no Montijo, um partido órfão. O Dr. Jorge Coelho foi um bom ministro para o Partido Socialista e enquanto Ministro das Obras Públicas foi pródigo no apoio ao PS/Montijo. Ora, não é em vão que se perde um apoio governamental deste género, não é sem uma sensação de vazio que se vê partir um ministro, que se tornara uma visita assídua. O PS/Montijo destilava confiança quando sabia que podia contar com o apoio ilimitado de Jorge Coelho. Hoje, perdeu a sua primeira referência política e encontra-se a navegar sem leme nem cais (mesmo do Seixalinho) à vista.»
30.03 – Carlos Fradique – «Não é natural que a Srª Presidente da Câmara de Montijo, no espaço de 15 dias, tenha sentido a necessidade de se dirigir aos munícipes, sobre o mesmo assunto, duas ou três vezes, por meio de carta e me separata de jornal. O assunto, imaginem, foi nem mais nem menos do que o “Cais do Seixalinho”. Quer dizer, a SRª Presidente, preocupada com o descontentamento da população, refugia-se em desdobradas comunicações escritas, com custos elevadíssimos que saem do bolso de todos nós e que seriam desnecessários se aceitasse, humilde e democraticamente o debate público que há muito lhe vem sendo proposto e de que sistematicamente foge como o diabo da cruz.»
Transtejo Notícias – «Desde a apresentação pública do projecto para a construção do novo terminal rodofluvial, que se aguarda pacientemente o desfecho das obras. Espera-se a conclusão da estação fluvial para Novembro/Dezembro de 2001 e a conclusão definitiva da obra para Janeiro de 2002, incluindo o parque de estacionamento.»
Filipe Carrera – «É extraordinário o esforço que a Câmara Municipal do Montijo faz para promover uma obra da...Transtejo. A Sr.ª Presidente procura combater um vasto conjunto de Montijenses que quer preservar o Cais dos Vapores e que têm apenas como recursos boa vontade e a convicção que o Montijo pode ser diferente sendo ainda possível evitar a transformação em subúrbio que esta Câmara deseja. Mas ao menos a SR.ª Presidente dá informação real? Não, é tudo virtual. Temos o cais virtual, as lojas virtuais, a marina ou espelho de água (conforme os dias) virtual, os acessos virtuais, enfim uma autêntica feira de virtualidades. As armas da Sr.ª Presidente são a desinformação e a promoção de virtualidades, fugindo sempre ao debate público. As armas da Plataforma Cívica de Defesa do Cais dos Vapores são a verdade e a vontade de debater as questões fundamentais para o nosso concelho.»
Ruki Luki
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