Afiançavam os defensores do cais no Seixalinho que a cidade se desenvolveria em direcção ao novo cais. Cresceu no sentido contrário. Montijo paga, hoje, o custo do empirismo, da incompetência e da demagogia.
2000
03.03 - Jornal de Notícias – «A Transtejo vai construir um terminal no Seixalinho, para substituir o do Montijo. O projecto avaliado em cerca de 600 mil contos, contempla ainda a construção de um parque de estacionamento para cerca de duas mil viaturas e alguns serviços complementares que ainda não estão definidos.»
Vereador Miguel Cardoso (PS) – «A transferência para o Seixalinho será inevitável no futuro. (Contudo) não é urgente a mudança, mas quando acontecer, decerto que se farão os ajustamentos adequados tendo em conta os interesses dos utilizadores do futuro cais.»
17.03 – Nova Gazeta – «O Cais do Seixalinho deverá entrar em funcionamento em 2002. A obra será assumida pela Transtejo e pela Secretaria de Estado dos Transportes, num plano que visa evitar problemas ao PS/Montijo, nas próximas eleições autárquicas.
Até hoje não se conhecem os resultados de qualquer estudo porventura encomendado pelo executivo camarário socialista, sobre os vários impactos da mudança do cais para o Seixalinho.»31.03 – O Vereador Serra da Graça (CDU) questiona a Presidente da Câmara sobre as notícias que circulavam sobre o projecto de transferência do cais para o Seixalinho, que estava ser desenvolvido pela Transtejo e pela Secretaria de Estado dos Transportes sem a conveniente intervenção e acompanhamento do município.
A Presidente da Câmara, Maria Amélia Antunes - «Não passa pela cabeça de ninguém que haja um processo (de transferência do cais) e que se não tenha dado conhecimento à Câmara.»
14.04 – Nova Gazeta – «A “Nova Gazeta” noticiou, na sua edição de 17 de Março, que o Cais dos Vapores seria transferido para o Seixalinho, em 2002. Escreveu-se então que «a obra será assumida pela Transtejo e pela Secretaria de Estado dos Transportes, num plano que visa evitar problemas ao PS/Montijo, nas próximas eleições autárquicas.» A notícia foi posteriormente desmentida pela Presidente da Câmara, Maria Amélia Antunes, que afirmou «Não passa pela cabeça de ninguém que haja um processo (de transferência do cais para o Seixalinho) e que se não tenha dado conhecimento à Câmara.» O jornal «A Capital», na edição de 3 de Abril, com chamada na primeira página, noticiou na página 5: «Outro investimento avultado que a Transtejo se prepara para concretizar é a substituição do Cais do Montijo.» Há lodo no cais.»
21 de Abril – Luís Luizi – « Tenho extrema dificuldade em acreditar que haja alguém, para além da nossa Exmª. Presidente e o Exmo. Sr. José Bastos, que estejam de acordo sobre a maneira como a questão (transferência do cais) tem sido (mal)tratada pelos nossos autarcas cimeiros.»
19.05 – Deputados da CDU/Assembleia Municipal do Montijo – «O PS/Montijo e a Câmara nunca estiveram parados em relação a este processo, antes pelo contrário, estiveram sempre em grandes manobras de bastidor negociando com a Transtejo e a Secretaria de Estado no sentido de serem estas duas entidades a avançar com o projecto, enganando assim a população do Montijo. Que estudos(há) sobre os impactos de tal medida? Que garantias (há) de transportes rodoviários de ligação a todos os barcos e sem aumento dos custos? Que garantias (há) da parte do Porto de Lisboa de continuar a dragagem da cala de forma a tornar viável a sua utilização?»
Mário Pinto - «A mudança do Cais dos Vapores para o Cais do Seixalinho poderá vir a constituir uma decisão nefasta, em termos ribeirinhos, porque os barcos a motor que navegam neste local contribuem bastante para evitar o assoreamento dessa zona ribeirinha. Recorde-se que na zona compreendida entre o Cais dos Vapores e o Cais da antiga Mundet foram rebocados batelões com cargas líquidas entre 400/1200 toneladas de cereais a granel. A concretizar-se a mudança toda a zona envolvente entre o antigo moínho de marés, o Cais das Faluas e o cais dos Vapores ficará exposta ao assoreamento galopante. Actualmente, o Cais do Seixalinho é um pequeno porto fluvial de descargas e de abastecimento de combustível. Construir um terminal de passageiros junto a um cais de descargas e abastecimentos de combustível e fora da cidade, inverte toda a lógica moderna dos transportes via marítima, ou seja, deixa de haver uma interface do mar com a terra. O Cais dos Vapores é um tesouro fluvial que importa preservar para fazer a ponte entre o passado e o presente e ao mesmo tempo representa a diversidade e riqueza do Património Marítimo Montijense.»
26.05 – Jornal do Montijo – «Maria Amélia Antunes escolheu a autarquia participada do Montijo para anunciar o seu desejo público da transferência do Cais dos Vapores para o Seixalinho. Segundo Maria Amélia Antunes, a transferência do Cais dos Vapores para o Seixalinho tem várias condicionantes. A primeira é que o acesso terá de ser feito através da Circular Externa. A segunda é que terá de haver um interface de transportes para a periferia e para a cidade. Para o interior da cidade “nós preconizamos transportes não poluentes a gás ou electricidade, com uma frota de 10 a 15 autocarros”. Para a periferia seria cobrada uma tarifa de bilhete. A terceira é de que esta solução irá permitir a recuperação de todo a zona ribeirinha.»
16.06 – A Transtejo noticia que o cais de embarque do Seixalinho ficará pronto a funcionar em Outubro de 2001. A empresa informa que a nova gare terá estabelecimentos comerciais e promete que com redução do tempo da viagem a ligação Montijo/Lisboa passará a ser feita em 20 minutos. Defende a construção de corredores para autocarros, que será objecto de estudo com a Câmara Municipal, a empresa e os TST. Esclarece que nada será feito sem o consentimento da câmara municipal, parceiro crucial na realização da obra.
Rui Aleixo – «A mudança do Cais dos Vapores para o Seixalinho volta a preocupar a opinião pública montijense devido às notícias difusas que têm sido postas a circular. Desta feita o PS/Montijo ensaia uma nova estratégia tendente a fazer passar a mensagem que a mudança do cais é coisa de Lisboa. É que todos nós sabemos que não há estudos nem projectos e que a mudança é uma pura aventura de consequências imprevisíveis para o Montijo.»
7.07 – Carlos Fradique – «A Câmara Municipal, a sua Presidente e o Partido Socialista não têm a coragem de assumir perante a população do Montijo que são os responsáveis pela tentativa de mudar o Cais dos Vapores para o Seixalinho. No mais recente episódio desta novela, escudam-se na Transtejo, como sendo ela a culpada desta mudança do Cais dos Vapores (como se alguma coisa se fizesse sem o consentimento e o apoio da Câmara). Claro está, à Transtejo, isto assenta que nem uma luva. Em acelerada queda de utentes pouco se importa com o Montijo e a sua população. Neste contexto arranjou uns aliados, a Senhora Presidente, Maria Amélia, e o Partido Socialista. Quando em qualquer parte do mundo se fazem esforços para colocar os transportes públicos nos centros urbanos, no Montijo, tenta-se fazer o contrário, diminuindo drasticamente a qualidade de vida da sua população.»
14.07 – José Bastos – «A oposição, não partidária, está completamente desorientada com a polémica da passagem do Cais dos Vapores para o Seixalinho. Os homens estão sozinhos. A população já percebeu a grande vantagem desta mudança. Defendo a construção de um grande terminal fluvial no Seixalinho, a vinte minutos da baixa de Lisboa, o que vai obrigar à construção de uma estação rodoviária, à circular externa e à criação de uma empresa para a exploração de transportes rodoviários não poluitivos. Já estava entusiasmado com a construção do Cais do Seixalinho mas, com a aprovação do programa POLIS ainda mais entusiasmado fiquei, na esperança de que o Montijo fosse contemplado com um grande projecto junto ao rio desde o Cais do Seixalinho até à Lançada.»
21.07 – José Bastos – «A Transtejo já decidiu. Vai fazer um grande investimento no Cais de Passageiros no Seixalinho para servir os munícipes dos concelhos desta região e de outros concelhos do sul do país que queiram utilizar este meio de transporte. O Seixalinho é um local de excelência para construir um cais com estas condições. O movimento de um cais regional tem condições para servir melhor a população, com barcos de quinze em quinze minutos e carreiras até mais tarde, com apoio de transportes rodoviários parques de estacionamento, interfaces rodofluviais, transportes fluviais não poluitivos e adaptados à circulação da cidade, restaurantes e outros serviços.»
4.08 - Luís Luizi – «Para «matar» o Cais dos Vapores já é preciso faltar à verdade? Não vale a pena encobrir a subserviência perante a Transtejo/Governo PS, ou a total incapacidade dos eleitos socialistas do Montijo para encontrarem soluções que compatibilizem a manutenção do cais em Montijo com o acréscimo de passageiros.»
24.11 – M.Guerreiro – «Pode dizer-se sem qualquer rebuço, que o Cais dos Vapores se tornou numa excelente porta de entrada para todos os visitantes do Montijo, podendo mesmo considerar-se a área envolvente nada menos do que uma autêntica “Sala de Visitas” da cidade. Mas, por favor, não a estraguem.»
A mudança de local da estação fluvial foi um erro, na linha do apregoado Programa Polis, que arruinou a vida dos moradores nas zonas históricas das vilas e cidades, retirando-lhes o trânsito que alimentava o comércio e a mobilidade das pessoas. Faz parte de uma descabelada noção de renovação das cidades, retirando do centro toda a sua vida cívica e transferindo-a para os arrabaldes, valorizando terrenos de "novos ricos" e enchendo os bolsos de urbanizadores, gabinetes técnicos dos mais diversos, desde ambientalistas, economistas ou arquitectos, tendo os bancos, de forma agressiva e gananciosa, proporcionado toda esta loucura que está no âmago da destruição económica e cívica do país. Os autarcas, pressionados pelas cúpulas partidárias dominadas pelos lóbis da construção, não tinham mais que servir os partidos que os colocaram nas listas, donde lhes advem o seu proveito financeiro, e não aprofundar os interesses das populações que, por vezes, mal conhecem, pois exercem o seu múnus não como missão, como devia ser, mas por profissão mais ou menos bem remunnerada. O descaramento é tal, que se prevê nas próximas eleições autárquicas, os autarcas que esgotaram o prazo de três mandatos, poderem concorrer a outro concelho. Só num país de gente sem vergonha se pode pensar em tornear a Lei desta forma. Mas é o que temos, porque o dever à indignação, que erradamente Mário Soares designa por direito, está adormecido em coma profundo.
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