segunda-feira, 24 de setembro de 2012

O Bairro dos Pescadores

Aspectos do Casario Humilde, Térreo ou de Andar
 
O Largo dos Pescadores
 
São escassas as referências à classe piscatória da Vila de Aldeia Galega do Ribatejo.
 
A existência de pescadores é contemporânea com o aparecimento da vila, embora Aldeia Galega tenha sido, na sua origem, uma terra de camponeses, que recebeu, posteriormente, um forte contributo dos mareantes.
 
Na Igreja Matriz há uma capela de invocação a Nossa Senhora da Conceição onde está gravada a inscrição: “Esta capela de madre Deos fizerão hos mariantes desta vila 1575”.
 
 
As novas urbanizações estão a conferir outras características ao Bairro. 
 
Do lado da epístola encontra-se outra de invocação a Nossa Senhora da Purificação com o letreiro: “Esta capela de Nossa Señora da Purificação estituíram os omeis trabalhadores desta vila ano de 1607 ”.

Os pescadores possuem um pequeno altar onde jaz a imagem de S. Pedro. “Mareantes e Omeis Trabalhadores” ajudaram a edificar a igreja assim como já o tinham feito com a vila.

No final do século XVI, princípios do século XVII, a vila de Aldeia Galega do Ribatejo era habitada essencialmente por “ Omeis trabalhadores”, mareantes, pescadores, clero e nobreza, representada por alguns cavaleiros do reino, e recebia quotidianamente uma considerável população flutuante que procurava alcançar Lisboa ou terras Alentejanas ou estrangeiras.


O Bairro está, hoje, cercado pelas urbanizações que se construíram nos seus limites.

A terra era pobre e só o tráfego fluvial a animava e “ por ser escalla e passagem para a banda do Alentejo he mais povoada que não por abundância de sítio”. Dividia-se, então, por dois núcleos: Aldeia Galega e Aldeia Posta, onde se edificou o bairro dos pescadores no século XVIII, isolado quer da vila quer do convento, este edificado no século XVII.

O bairro foi-se dispondo“ por várias artérias regulares, cortadas por travessas do mesmo tipo e era constituído por casario humilde, térreo ou de andar, na vizinhança de viveiros de peixe, abrigados por diques de terra batida (...)”.


Onde hoje está a rua, ontem era o rio

Situado num dos extremos da cidade, o Bairro, que viu o rio que o beijava a afastar-se, tem vindo progressivamente a perder as suas características e vê o velho casario a ser substituído por novas edificações.

Contam os velhos pescadores que os quintais davam directamente para o rio, de tal modo que era possível encostar a canoa ao portão. Hoje, em determinadas zonas do Bairro, há novas urbanizações construídas em terrenos conquistados ao rio, que constituem uma barreira entre o velho bairro e o rio.

Os poucos pescadores que existem e a reduzida faina de pesca permitem-nos concluir que, no Bairro, os pescadores são uma saudade.



 
 

 
 
Casas humildes do Bairro dos Pescadores. Casa térrea, baixa, com telha canudo e sem janela. A do lado esquerdo já tem telha marselhesa e porta de alumínio.

 
 
 
 
 

Rede na porta, costume em desuso. Portas de alumínio, tendência dos tempos

Rótulas e redes nas portas.
 

 
 

 
 
Casa sobrada

 
Entrada para o Pátio do Padeiro

 
O "estaleiro" à porta de casa, costume que perdura.
 
 
 
Sob a protecção do Santo.
 
 
Ruky Luky

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