terça-feira, 18 de setembro de 2012

Rosildo

O Senhor do Cinema
 
Rosildo R. Oleiro, o senhor Rosildo, figura estimadíssima de Montijo.
Há homens capazes de transformar em sereno amor a mais ardente paixão, confundindo-se com a coisa amada.

Rosildo Rodrigues Oleiro começou a trabalhar no Cinema-Teatro Joaquim de Almeida, em Janeiro de 1959, e, no dia 31 de Maio de 1991, encerrou-lhe as portas. Continuou, no entanto, a ser o leal servidor do cinema, conservando-o intacto até ao momento em que foi adquirido pela Câmara Municipal de Montijo.

Tendo começado a trabalhar com a categoria de fiel, passou a fazer as projecções nas esplanadas, durante o Verão e, quando vagou o lugar de projeccionista, passou a desempenhá-lo com elevada competência e brio.

Ao longo dos 40 anos que serviu o Cinema, o sr. Rosildo, como simpática e carinhosamente é tratado pela população de Montijo e, muito especialmente, pelos cinéfilos, aprendeu, um a um, os cantos da casa, descortinou as manhas dos engenhos, identificou-se com a sua “arte”, a de se manter fiel ao cinema, entusiasmando-se, como se a casa fosse sua, com os grandes sucessos que o cinema alcançou, mas penando de igual modo com os fracassos.

Foi mais do que um projeccionista. As companhias de teatro, que utilizaram o cinema, não deixaram de distinguir o fino trato e a disponibilidade total deste trabalhador, que nunca olhou para o relógio, mesmo quando o trabalho de montagem se prolongava pela noite dentro, para logo recomeçar às primeiras horas da manhã.

É a memória do Cinema-Teatro Joaquim de Almeida. Acompanhou a evolução da 7ª Arte, entre uma bobine e outra, que substituía de vinte em vinte minutos. Viveu a crise do cinema e acalentou sempre a esperança de o ver renascer, mas surpreendeu também os primeiros namoricos; viu gerações crescerem entre o 3º Balcão e a Plateia, e tornou-se figura incontornável da História do Cinema-Teatro Joaquim de Almeida.

Pessoa humilde, nunca foi figura de cartaz, mas será sempre, por excelência, o cartaz maior do Cinema-Teatro Joaquim de Almeida, de tal sorte que, se se não quiser violar a fronteira da Justiça, não se poderá evocar a História deste cinema sem uma referência ao papel do senhor Rosildo.

São homens da dimensão de Rosildo Rodrigues Oleiro, capazes de levar a Carta a Garcia, que garantirão sempre o brilho intenso das Luzes da Ribalta. São estes homens, que vivem a poesia da vida no encantamento da sua profissão, que elevam o espectáculo à dimensão de Arte.

O senhor Rosildo e sua esposa, Senhora Dª Lourença Maria Anjos Ferreira, que continuaram a cuidar do cinema, após o encerramento, quando a Câmara Municipal de Montijo adquiriu o edifício, em 1999, entregaram as chaves e retiraram-se com a profunda satisfação do papel cumprido. Sabiam que, se naquele momento se quisesse retomar as sessões cinematográficas, bastaria bobinar o filme e ligar o interruptor da máquina.
O Cinema-Teatro Joaquim de Almeida tinha ficado confiado a boas e honestas mãos.
 
Obrigado!
 
Ruky Luky

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário