quinta-feira, 26 de abril de 2012

Igreja do Divino Espírito Santo - Montijo
A mão do Povo a fez (4)


Capela-Mor
Admirando a Capela-Mor

A Capela-Mor é de abóboda em alvenaria de características manuelinas, cujas chaves de pedraria ostentam ao centro um vaso florido e nos bocetes secundários motivos vegetalistas. A Visitação de 6 de Junho de 1534 já se refere à abóbada nos seguintes termos: «visitamos a capella moor a qual esta ora novamete fecta de daboboda dallvenaria co as chaves de pedraria tem o alltar dallveneria.». Tendo a Igreja sofrido obras de remodelação entre 1528 e 1534, a abóbada é uma construção dessa altura.


Abóbada em alvenaria de características manuelinas


Aspecto do altar-mor sem a tela

Azulejos do século XVIII revestem parcialmente as paredes laterais, representando, o da direita, o Castigo dos Blasfemos e, o da esquerda, a Apanha do Maná no Deserto.

Apanha do Maná no Deserto

Castigo dos Blasfemos
José Meco descreveu, assim, a Capela- Mor:

«A capela-mor é um resto de igreja anterior que apresenta uma interessantíssima estrutura renascentista, com arco triunfal delicadíssimo e uma curiosa abóbada nervada e estrelada, com fecho central e outros envolventes. O retábulo de talha dourada é o melhor exemplar do género nesta igreja, com a boca do trono tapada por uma tela atribuída ao pintor Diogo Teixeira.

Os azulejos revestem parcialmente as paredes. Nos rodapés, com cinco azulejos na altura, alguns meninos brincam com grinaldas abundantemente floridas, obra muito característica e interessante do monogramista P.M.P.

Sobre estes rodapés, dois painéis figurados estão envolvidos pela cercadura que se prolonga, por uma barra de dois azulejos de altura, sobre as portas laterais da capela-mor. Encontra-se nestas barras a «ANNO 1708», repartida pelos dois lados.

Os dois notabilíssimos painéis apresentam Moisés com o característico par de raios de luz a irradiar a cabeça. O da direita representa o Castigo dos Blasfemos e o da esquerda Apanha do Maná no Deserto; este é uma das composições de realização mais vaga e difusa da azulejaria portuguesa, excepcional pelo tratamento dos brancos predominantes, em nada inferior ao conseguido por pintores da Holanda.

Penso, com algumas reservas, que estes painéis sejam de Manuel dos Santos, que não só os teria realizado num espaço de tempo muito curto como ensaiaria uma forma nova e mais pictural de expressão artística.

Apesar de rápida, a pintura é belíssima, os leves apontamentos e pinceladas dados com enorme sensibilidade, o esmalte de qualidade superior. Por estes motivos, os painéis da capela-mor da Igreja do Montijo mereciam uma maior divulgação

Anexa à capela-mor está a sacristia, onde são dignos de admiração o tecto de madeira, divido em quatro painéis com pinturas, tendo ao centro o emblema da Ordem de Santiago, o arcaz, de madeira do Brasil, com ferragens amarelas, e o lavatório, em mármore rosa. Numa das almofadas da porta está inscrito 1634.

O orago da freguesia é o Divino Espírito Santo e o retábulo seiscentista do altar-mor representa o Pentecostes (Descida do Espírito Santo).
Ruky Luky



















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