Igreja do Divino Espírito Santo de Montijo
A mão do Povo a fez
Igreja do Divino Espírito Santo - a mão do Povo a fez e a ornamentou |
Introdução
«Ha mais o ditto
conselho outro Rosyo pequeno ha redor da
igreja santi esprito.» - In “
Título das propriedades pertencentes á câmara de Aldeia Gallega do Riba-Tejo,
mandado fazer por D. Manoel.” - 1498
Convido-vos para uma visita
guiada à Igreja Matriz de Montijo, que se repetirá durante alguns dias.
No século XV, quando a população de Aldeia Galega do Ribatejo começou
a aumentar, foi solicitado a D. Jorge, Mestre de Santiago, que fosse construída
uma nova igreja, mais no meio da povoação. O pedido foi indeferido, mas o povo
autorizou que fosse lançado um imposto (finta) e assim se edificou a Igreja do
Divino Espírito Santo que, como refere o Pe. António Carvalho da Costa, na sua
Corografia Portuguesa, escrita em 1709, «o braço do povo fez, e ornou de prata,
e ornamentos.»
A Igreja Matriz do Divino Espírito Santo, que domina, hoje, a Praça da
República e, em tempo não muito remotos, as suas torres vigiavam a vila, é o
resultado das várias campanhas de obras, que se realizaram até ao século XVII,
que lhe conferiram o actual traçado.
Ignora-se a data da sua construção, embora se saiba que remonta ao
século XV.
Originariamente composta por uma nave única e de linhas sóbrias,
sofreu obras de remodelação entre 1528 e 1534, sendo desta altura a construção
da abóbada da capela-mor em alvenaria de características manuelinas, cujas
chaves de pedraria ostentam ao centro um vaso florido e nos bocetes secundários
motivos vegetalistas.
No século XVII, a Igreja foi profundamente remodelada, tendo sido
edificada a segunda torre, construído o guarda-vento, a arcaria interna que a
divide em três naves de abóbada de berço separadas por arcos de volta perfeita
e quatro colunas toscanas, assim como foram abertas as portas laterais, uma do
lado norte e outra do sul.
Admirando a fachada da
Igreja
Três elementos se destacam na fachada: o portal, a janela do coro e as
torres.
O portal tardo-renascença do corpo central da fachada, que se alcança
ao terceiro degrau, está ladeado por duas colunas de capitel coríntio e fuste
de caneluras, que sustentam um frontão triangular, de cornija bem marcada, e
rematado por três pináculos em cada um dos seus vértices.
Logo acima do portal encontra-se um janelão, que ilumina o coro,
encimado por uma lápide com a inscrição: CONCELHO 1604, referência à campanha
de obras que remodelou profundamente a Igreja.
Duas torres rectangulares com cunhais de cantaria rematadas por
coruchéus de abóbadas facetadas com fogaréus nos acrotérios enquadram a fachada
principal. A do lado norte é a torre sineira e a do lado sul a torre do
relógio. Embora de idêntica estrutura, a torre do lado sul, de construção
posterior, ostenta um maior índice volumétrico.
Das duas portas laterais, ambas protegidas por um espaço gradeado,
merece espacial referência o portal sul, admirável pórtico de arco redondo,
enquadrado por duas colunas de capitel jónico e fuste de caneluras, que
sustentam uma arquitrave sobre a qual assenta um medalhão circular onde figura
em relevo a pomba do Espírito Santo e duas cabeças de querubins, símbolos da
perfeição espiritual.
No interior do gradeamento, na fachada norte, são perceptíveis pedras
tumulares, reminiscências do cemitério que existiu na Igreja e no seu adro, até
ao século XIX.
Na fachada da Igreja, do lado esquerdo, existe uma outra inscrição evocativa da primeira visita da imagem de Nossa Senhora de Fátima a Montijo, em Dezembro de 1946, que foi mandada afixar pelo então Prior da matriz, Padre António Gomes Pólvora. Regista a lápide de basalto:
PARA PERPÉTUA MEMÓRIA
DA ESTADA DA VIRGEM
DE FÁTIMA NESTA VILA
NOS DIAS 13 E 14-XII-1946
O POVO DE MONTIJO. A.D.
Circundando a igreja, havia um alpendre sobre pilares, ocupando a fachada
principal e a do lado da porta sul.
Nenhum comentário:
Postar um comentário