segunda-feira, 23 de abril de 2012


Igreja do Divino Espírito Santo de Montijo

A mão do Povo a fez


Igreja do Divino Espírito Santo - a mão do Povo a fez e a ornamentou

Introdução

«Ha mais o ditto conselho outro Rosyo pequeno ha  redor da igreja santi esprito.» - In “ Título das propriedades pertencentes á câmara de Aldeia Gallega do Riba-Tejo, mandado fazer por D. Manoel.” - 1498

Convido-vos para uma visita guiada à Igreja Matriz de Montijo, que se repetirá durante alguns dias.

No século XV, quando a população de Aldeia Galega do Ribatejo começou a aumentar, foi solicitado a D. Jorge, Mestre de Santiago, que fosse construída uma nova igreja, mais no meio da povoação. O pedido foi indeferido, mas o povo autorizou que fosse lançado um imposto (finta) e assim se edificou a Igreja do Divino Espírito Santo que, como refere o Pe. António Carvalho da Costa, na sua Corografia Portuguesa, escrita em 1709, «o braço do povo fez, e ornou de prata, e ornamentos.»

A Igreja Matriz do Divino Espírito Santo, que domina, hoje, a Praça da República e, em tempo não muito remotos, as suas torres vigiavam a vila, é o resultado das várias campanhas de obras, que se realizaram até ao século XVII, que lhe conferiram o actual traçado.

Ignora-se a data da sua construção, embora se saiba que remonta ao século XV.

Originariamente composta por uma nave única e de linhas sóbrias, sofreu obras de remodelação entre 1528 e 1534, sendo desta altura a construção da abóbada da capela-mor em alvenaria de características manuelinas, cujas chaves de pedraria ostentam ao centro um vaso florido e nos bocetes secundários motivos vegetalistas.

No século XVII, a Igreja foi profundamente remodelada, tendo sido edificada a segunda torre, construído o guarda-vento, a arcaria interna que a divide em três naves de abóbada de berço separadas por arcos de volta perfeita e quatro colunas toscanas, assim como foram abertas as portas laterais, uma do lado norte e outra do sul.

Admirando a fachada da Igreja


Três elementos se destacam na fachada: o portal, a janela do coro e as torres.

O portal tardo-renascença do corpo central da fachada, que se alcança ao terceiro degrau, está ladeado por duas colunas de capitel coríntio e fuste de caneluras, que sustentam um frontão triangular, de cornija bem marcada, e rematado por três pináculos em cada um dos seus vértices.


Logo acima do portal encontra-se um janelão, que ilumina o coro, encimado por uma lápide com a inscrição: CONCELHO 1604, referência à campanha de obras que remodelou profundamente a Igreja.

Duas torres rectangulares com cunhais de cantaria rematadas por coruchéus de abóbadas facetadas com fogaréus nos acrotérios enquadram a fachada principal. A do lado norte é a torre sineira e a do lado sul a torre do relógio. Embora de idêntica estrutura, a torre do lado sul, de construção posterior, ostenta um maior índice volumétrico.

Das duas portas laterais, ambas protegidas por um espaço gradeado, merece espacial referência o portal sul, admirável pórtico de arco redondo, enquadrado por duas colunas de capitel jónico e fuste de caneluras, que sustentam uma arquitrave sobre a qual assenta um medalhão circular onde figura em relevo a pomba do Espírito Santo e duas cabeças de querubins, símbolos da perfeição espiritual.



No interior do gradeamento, na fachada norte, são perceptíveis pedras tumulares, reminiscências do cemitério que existiu na Igreja e no seu adro, até ao século XIX.

Na fachada da Igreja, do lado esquerdo, existe uma outra inscrição evocativa da primeira visita da imagem de Nossa Senhora de Fátima a Montijo, em Dezembro de 1946, que foi mandada afixar pelo então Prior da matriz, Padre António Gomes Pólvora. Regista a lápide de basalto:

PARA PERPÉTUA MEMÓRIA

DA ESTADA DA VIRGEM

DE FÁTIMA NESTA VILA

NOS DIAS 13 E 14-XII-1946

O POVO DE MONTIJO. A.D.



Circundando a igreja, havia um alpendre sobre pilares, ocupando a fachada principal e a do lado da porta sul.

Ruki Luki 

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